Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Vândalos & Vândalos

Há exatamente 100 anos, senhores campineiros, era lançada uma das marcas destas Campinas gentis, a Cervejaria Colúmbia, ali no alto da Avenida Andrade Neves, perto da Estação da Paulista. Dali saía a Mossoró, cerveja preta, para concorrer com a Caracu, de Rio Claro, e a Malzbier, de vários fabricantes. “Malzbier” é “cerveja maltada”. A ilustre família Carvalho Dias, de Poços de Caldas, e salvadora da raça Caracu, trazida ao Brasil por Martim Afonso de Souza, diz que o touro no rótulo dessa boa cerveja não é Caracu, mas um belo pardo suíço.

Forte, mesmo, é a história da nossa Mossoró, nome em homenagem ao cavalo potiguar ganhador do primeiro Grande Prêmio Brasil, em 1933, no hipódromo da Gávea. O jingle marcante da cerveja abria jornadas esportivas que a Colúmbia patrocinava. Lembra? “Mossoró, Mossoró, Mossoró… Chega sempre em primeiro lugar… Mossoró… Cerveja é Mossoró… Em questão de sabor e qualidade, a vencedora é Mossoró.”. Outro anúncio inesquecível:

— Garçom, quero um bife com batatas!

— Pronto, doutor. Falta alguma coisa?

— Claro! Falta metade!

— Metade!?

— Falta a minha Mossoró!

Incrível. Além da Mossoró, a Colúmbia fazia as cervejas Franciscana, Duquesa, Colúmbia e Negrita e a sodinha e o guaraná Cristal. O melhor vem agora:

Uma pérola no depoimento do campineiro Fernando Passos (muito prazer!) num sítio da Fórmula 1: “…Tá certo que não era um GP oficial do Mundial de Pilotos, mas foi um piloto que já correu até de Ferrari na F-1. Sabe quem é? É lógico que foi nosso legendário Francisco ‘Chico’ Landi. Também não foi patrocínio de indústria do cigarro. Foi estampada em sua Maserati a marca da cerveja Mossoró!”

Puts! A nossa Mossoró inaugurou a saga dos patrocinadores de pilotos e carros de Fórmula 1! O Fernando tem fotos. Landi correu pelas ruas de Campinas, lá pras bandas do Bonfim, competindo com Pintacuda, Benedito Lopes (mecânico das ‘baratinhas’ do Roberto Godoy), Farina… Palavra de uma ilustre testemunha, dona Olga Müller.

Bela história jogada no lixo da história, por campineiros disfarçados. O prédio da Colúmbia, erguido em 1873 para abrigar a primeira fundição de Campinas, a Companhia MacHardy, é tombado pelo Patrimônio Histórico e pertence à Sanasa. Claro, acho que lá entenderam que tombado é “deixar cair’. Os vândalos, parceiros desse tipo de ‘tombamento’, fazem o resto.

Pregado no poste: “Padre Ambiel, olho na Catedral!”

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