Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Um campineiro cão de guerra – 3

É chega a hora do ataque ao inimigo. E assim narra a ação em terras de África dona Marina Cabral, tia de Xande, nosso “herói, mito ou bandido”. Aqueles cães de guerra, como se chamavam os mercenários, “Camuflaram o cargueiro atrás de rochedos e esperaram anoitecer. Esparramaram-se pela praia e foram se arrastando como cobras em direção à presa. Começou a chover e a marcha tornou-se extenuante, a areia aderindo às fardas já molhadas e enrando-lhes pelos olhos, pelas bocas.

Iam todos de ouvidos atentos, procurando distinguir qualquer ruído suspeito entre o zunido do vento, o cantarolar incessante das chuva e o estrondo das ondas rebentando na praia.

Xande cochichou ao companheiro:

— Procure manter a calma, nada de descontrole. Eu já estou me cagando de medo.

Abafou uma risadinha. O outro apenas sorriu e concordou. Johnny ia na vanguarda da escolta. A chuva aumentaram e alguns relâmpagos possibilitaram a visão de um soldado na torre de espia. Apenas vislumbram-no, pois o vulto confundia-se na noite.

Xande quase deixou escapar uma gargalhada pelo descabido da situação, mas sua boca foi travada com energia pelas mãos duras do parceiro. Ele foi obrigado a engoli-la.

Coube a Johnny o primeiro tiro, para que todos abrissem fogo. Perceberam o vigia desaparecer. As luzes do palácio se acenderam e todos os soldados disponíveis apareceram correndo, de armas nas mãos Haviam sido pegos de surpresa.

A trajetória de uma granada foguete, acionada por uma bazuca, encntrou o caminho certo: explodiu em pleno parque, derrubando vários homens. As granadas espocavam e o matraquear das metralhadoras confundia-os. Como fora previsto, julgaram estar sendo cercados por um grande contingente de soldados.

Ainda não houvera desfalques entre os mercenários. Mas quando o tiroteio atingiu o ápice, as balas sibilando entre eles, Xande, desarvorado, percebeu Paquito sem o tampo da cabeça e se esvaindo em sangue. Uma granada apanhara-o em cheio, estourando seus miolos. Seus olhos abertos pareciam ainda perplexos.

Xande retardou seu rastejo para vomitar. Pablo fechou a dor dentro do peito e se jogou com ódio e desespero numa operação suicida. Arrastando-se como réptil enlouquecido, chegou ao portão do palácio e disparou sua metralhadora. Os dardos de uma bazuca facilitaram-lhe a derrubada do obstáculo. Em seguida, escorou-se sob uma marquise e seu rosto, brilhante de chuva e suor, era uma máscara assassina.”

No último capítulo, veremos como uma mulher foi a Glória de Xande. Não percam!

Pregado no poste: “Criança em propaganda política é pedofilia?”

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