Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Sagrado Coração de Santo Antônio

De novo chamei da igreja do Sagrado Coração de Jesus (e do monsenhor Jerônimo Bággio) de “igreja de Santo Antônio”. Foi domingo passado. Não sei por que isso acontece. Afinal, minhas raízes estão ali, onde meus pais e tios se casaram, e eu, minha irmã e meus primos fomos batizados – por ele. É como confundir a Ponte Preta com o Esporte Clube Mogiana. O campo da Macaca é abençoado pelo templo da torre de cúpula azul dedicado a Santo Antônio, na Avenida da Saudade, enquanto o “da” Mogiana fica na paróquia do Botafogo e do Coração de Jesus. Com razão, contemporâneas e contemporâneos daquele padre que deixou sua marca de saudade na cidade quase me crucificaram pelo erro.

O Geraldo Trinca, então, foi ao fundo do baú: “Para quem não  sabe, o Monsenhor Bággio realizou o meu batismo. Nasci ali no Botafogo, na Culto à Ciência 425, lá se vão  50 anos… Dele, eu fui coroinha. Minha paixão era ver o carro Morris preto que ele possuía. Com certeza há ‘carolas’ bravas com você: a Igreja é do ’Sagrado Coração de Jesus’ e não de Santo Antônio.”.

Fosse no tempo da ditadura militar, eu estaria preso. Além de grande orador do Cristianismo e santo “mais devotado” do Brasil, Santo Antônio é general do exército brasileiro, e no Timor Leste, coronel. Sabia? Palavra do cientista Evaristo Miranda.

Uma vez, o frei Gregório Protásio Alves, de Campo Grande, me contou que Santo Antônio também recebeu o título de oficial do exército português, nos tempos da guerra contra a Espanha, pela restauração do trono Português, em 1640. Dona Maria I, aquela rainha louca, mãe de dom João VI que mandou enforcar Tiradentes, elevou o santo a general lusitano. No Brasil Colônia, ele foi tenente-coronel, e virou general logo após a proclamação da República. Se atendeu a todos os pedidos de casamento, esse ‘general’ deve comandar a maior tropa feminina do mundo!

(Evaristo, para me penitenciar da troca, prometo, toda vez que vir uma imagem do santo casamenteiro e general, bater continência; mas ele que não me arrume outra, porque a santa que mora aqui em casa… Aí ele vai ver com quantas patentes se faz um pau de macarrão!).

Pregado no poste: “No jornalismo, errar é desumano”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *