Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

Passa!

A pulga saltou do cachorro e foi parar atrás da orelha do dono. Nem psicólogos caninos, procurados, conseguem explicar. Muito menos o doutor Fróide. Primeiro, foi aquela história, já contada aqui, do Nick, cão sofisticado, às vezes enjoado (quem será que ele puxou?), que só faz xixi diante de um balão-galinha em ascensão. Semana passada, me contaram mais duas histórias de cachorros metidos a besta, acontecidas aí em Campinas, mesmo. Sem falar daquela senhora que tinha um por companheiro.
Um homem, dizem que muito rico, irascível como ele só, odeia cachorros. Mas a mulher gosta. Como ele é rico por causa dela, agüenta. Finge indiferença, mas quando madame está fora, aproveita para desancar o bicho. Desancar mesmo, de deslocar as ancas. Esse homem tem mania de limpeza, de mandar lavar o carro duas vezes por dia e exigir um tapetinho branco, de tecido repelente, na beirada da cama, lavados toda noite pela empregada da mansão. Já imaginou o calvário dessa coitada? Ordem dele: andar de máscara o dia todo dentro de casa, só para não contaminar os alimentos que ela serve – do cafezinho ao caviar. Certo é que um dia, o cachorro se encheu. Entrou no “quarto do casal”, fez xixi justamente no lado da cama em que dorme seu carrasco, cocô em cima do tapetinho e… fugiu!
Melhor foi a outra. Parece que aí no Taquaral. De repente, o cachorro entra no banheiro, abocanha exatamente a toalha do dono e larga no quintal. Faz isso com os chinelos, também. O jornal fica devidamente dilacerado. E as calças? Tudo. Se é do dono, ele tira da casa e põe pra fora. Não se trata de vingança, como fez aquele do tapetinho. Ele até cuida bem do cão de estimação. Só que ultimamente, deu para rosnar toda vez que o marido da dona chega em casa. Um “psicólogo” de cachorro diz que, talvez, ele esteja preferindo outra companhia: a de um novo freqüentador da casa, que só aparece quando o marido não está. E arrisca: “Esse novo freqüentador não precisa ser, necessariamente, outro cachorro.”.
Pregado no poste: “Existe cachorro Ricardão?”

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