Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

O som da Barão

A repórter (ou arqueóloga?) Carlota Cafiero descobriu um mundo que já fez Campinas dançar e cantar nas ruas e hoje, em silêncio, esconde preciosidades: as últimas lojas de discos da cidade. As derradeiras jazidas de long-playngs estão na Splish Splash, Iluminações, Hully Gully, Metal Mania, Rock Record e Colors Discos. Nelas se acham pepitas de R$ 0,50 a R$ 4 mil ou quilates. Do tempo em que os LPs de vinil dividiam as vendas com as bolachas de 78 rotações por minuto, feitas de goma laca e cera de carnaúba, os compactos simples e CDs, então conhecidos por “compacto duplo”, com duas músicas de cada lado.

A Barão de Jaguara era uma autêntica parada de sucessos. Na Supergasbrás, que mantinha sua discoteca na porta de entrada sob o comando de Sérgio Batista, já se adivinhava quem seriam os vencedores dos “Degraus do sucesso”, que ele apresentava nas manhãs de domingo, primeiro na Cultura, depois na Educadora. Eram os dez 78, CDs e LPs mais vendidos da semana. “Oooooonze hoooooras!”, lembra?

Na mesma Barão, na Livraria Brasil, grande acervo de músicas clássicas da gravadora Angel, Oswaldo Guilherme e Milton Lebre, que também comandavam, na PRC-9, todo domingo a uma da tarde, a inesquecível “Discoteca do Guilherme”. Ainda na Barão, duas minas de sucessos, na Eletrorádio, com seo Ayres e dona Antonieta Gioso, e as Lojas Assumpção (depois Ultralar), com seo Lotufo.

No alto da Treze de Maio, na frente do Smanio e da Casa Europa, as músicas caipiras (não os embustes sertanejos de hoje), com o bom gosto do Rivail e do Rivael. Na Padre Vieira, a Raposa Vermelha, do Laerte Zigiatti. Por fim, a mais freqüentada pela molecada, a discoteca das Lojas Americanas, com as belas Luzia, Cida e Wanda, estrategicamente ao lado da lanchonete. E tome rock!. E beba Coca!

O Renato Otranto se lembra, “de cabeça”, que música com mais qualidade do que nesses lugares, só para quem tinha tempo de parar diante da academia de balé da dona Odete Mota Raia ou da casa de dona Dedé, professora de piano. Sabe onde? Na Barão de Jaguara, uai…

Pregado no poste: “Nepotismo no mandato dos outros é refresco, seo Toninho?”

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