Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

O berro do homem

Ninguém pode passar pela vida sem conhecer este homem. Só um trechinho do depoimento que ele deu para a Jornalista Rosana Zaidan, no jornal A Cidade, de domingo:

“Ele acaba de completar 73 anos. Aposentado só no papel, o ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência permanece na ativa com laboratório de pesquisas, sala e técnicos, na USP, em Ribeirão Preto, num estudo que disseca a dor e os processos inflamatórios há quase meio século.

Não é à toa que Sérgio Henrique Ferreira batiza prêmios internacionais de ciência; não é acaso, que tenha participado ativamente do grupo que provocou a maior revolução farmacológica no tratamento da hipertensão arterial no mundo, usando veneno de jararaca. Um trabalho que começou no Brasil e já rendeu bilhões de dólares ao laboratório norte-americano Squibb. Foi com a contribuição de Sérgio Ferreira, no estudo das aspirinas, que o inglês John Vane levou o Nobel de Medicina em 1982.

Polêmico, tema de bloco de Carnaval, idealizador de um tablóide que já não circula, ‘O Berro’, é fundador do Templo da Cidadania. Não hesita em disparar sua metralhadora giratória para defender idéias. Mesmo em recuperação cirúrgica, tem fôlego para reunir em casa grupos de estudantes e publicar um site pioneiro na Internet: é o ‘Dor On Line’, onde dá o caminho das pedras para iniciantes e iniciados.

Para quem quiser compreender de onde vem tanta energia, basta vê-lo no quintal de casa: recostado na cadeira de balanço, esse homem que parece não se aquietar nunca pode ouvir, todas as tardes, o canto de um sabiá, que, ele suspeita, gorjeia como macho, mas bem que deveria ser fêmea.”

A Metralhadora gira:

“O Fernando Henrique, num gesto de arrogância, acabou com nossa indústria química e de medicamento. O que nós temos são restos num mar sujo.”

“Na verdade, eu sou corinthiano. E francano… Então, quer dizer, a gente vai apanhando mas chega lá!”

“Possivelmente a revolução me ajudou um pouco, porque aí tive que ir para fora do Brasil, duas vezes, e me ajudou a ficar longe do ambiente.”

“Nesse período de 60 a 70, trabalhei com pesquisadores americanos, fizemos o imperialismo ao reverso, eu que trouxe eles pra cá; purificamos esse fator que potenciava a bradicinina, com o veneno da jararaca. Algumas pessoas dizem que foi com a saliva da minha sogra. Não é verdade! Quando cheguei a Londres, dois, três meses depois, descobrimos o mecanismo de ação da aspirina — que vai dar Nobel a John Vane.”

Pregado no poste: “Doeu? www.dol.inf.br”

 

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