Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Nossas raízes

Depois falam que campineiro é orgulhoso. Esta nossa conversa de hoje é sobre campineiros e as instituições que eles ajudaram a fundar e a enriquecê-las. Clube Campineiro de Regatas e Natação, Comissão Central de Esportes, Liga Campineira de Atletismo, Liga Campineira de Basquete, Sociedade Veteranos de 32, Associação dos Aposentados, Associação de Educação dos Homens de Amanhã, Santa Casa de Misericórdia, Creche Irmã Maria Antônia, Sanatório Cândido Ferreira, Companhia Campineira de Tração Luz e Força, (Sesi) Serviço Social da Indústria, Sindicato dos Eletricitários.

Na vida de cada uma delas está o Manoel Henriques, sobre quem falamos dia desses. Muito de sua enorme participação na grandeza de Campinas foi achado pelo filho Lineu, nos escritos deixado pelo querido Mabelis. São relatos sobre os amigos. Humilde, ele não conta sua façanha digna de combatente heróico de 32. De Santos, onde estava entrincheirado, decidiu voltar à sua Campinas. De trem? Jamais, alvo fácil da canalha getulista. Não havia ônibus nem Via Anchieta. Quer saber? Mabelis veio a pé! Dias e dias de jornada, cruzando a Serra do Mar pelo mesmo caminho deixado pelos jesuítas. Entrou na cidade pelo alto da Barão de Itapura, desceu a Antônio Lobo, passou pelos fundos do “Pastinho”,  como chamavam o campo do seu Guarani. E ganhou a Rua Professor Luís Rosa.

É provável que por ali já morassem ancestrais do seu Eugênio Wiegdandt e da dona Leta, ele funcionário da vizinha fábrica de tecidos elásticos, do dr. Sylvino de Godoy e do dr. Walbert; logo depois, chegariam, fugitivos da Espanha franquista, seu Firmino Sanches e dona Josefa, pais do nosso artista Bernardo Caro; seu Paulo, outro alemão, que tinha armazém de embutidos no Mercadão; a família do seu Ricardo e da dona Elda Cecconi; seo Vitor Nicolucci e dona Santa; os Bergonzoni; seu Luís Guido (futuro sogro do Mabelis); seo Raphael, pai do Mabelis; meus pais e, na segunda casa da rua, lá em cima, meu avô materno, Adolfo Bergantim, e minha avó Guiomar, que acudiram um Mabelis quase morto de cansado, esfomeado e um resto de farda, suficiente apenas para, a um só tempo, esconder suas vergonhas e exibir seu orgulho de campineiro.

Semana que vem, vamos falar de muitos que conviveram com Mabelis na construção desta cidade de gente orgulhosa, sim senhor!

Pregado no poste: “Orgulho de Campineiro é sua gente!”

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