Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Nem Moisés Lucarelli

Conceição empata e Zaiman de Brito Franco mais Geraldo Trinca perdem por uma cabeça de desvantagem. Nenhum dos livros que contam a história da Ponte Preta (a do clube, não a da ponte) conta a melhor de todas. Felizmente, narrar a façanha ficou comigo. Duvido que algum time de futebol do Céu, da Terra ou do Universo teve torcedor mais fervoroso e fervilhante. É como se o astronauta brasileiro, aquele nascido em Bauru, interrompesse sua viagem espacial para assistir a um jogo do Noroeste.

(A Conceição aceitou faltar a uma partida da “Macaca” porque o padre deixou que ela subisse ao altar com um radinho de pilha, para participar do casamento do filho. Foram dois gols da Ponte, duas celebrações que até o celebrante celebrou. Convidados bugrinos acharam melhor despedir-se na igreja, mesmo.)

Na terça-feira que passou, conversamos aqui sobre ilustríssima família campineira a serviço da grandeza do Brasil, que mantinha a bandeira da Veterana hasteada em mastro na sacada do casarão, aí na Nova Campinas. Não dei nomes porque sabia que alguém dos nobilíssimos Affonso Ferreira se manifestaria. Não deu outra: meu grande amigo jurista Manuel Alceu Affonso Ferreira superou as expectativas e contou duas histórias do pai, o doutor Afrânio, — daquelas figuras que todo clube de futebol sonharia em ter em sua tribuna de honra. E ponha honra nisso. Depois de vender sua Tema Terra Maquinaria, mudou-se para Saint Paul, Michigan (EUA). Agora, senhoras e senhores, o doutor Manuel Alceu com a palavra:

“A paixão do meu pai pela ‘Macaca’ era de tal ordem que, nos anos em que residiu nos EUA, após a venda da sua empresa na Via Anhanguera (a Tema Terra Maquinaria S.A.), por mais de uma vez, em finais de semana, realizava o percurso aéreo St. Paul/Nova Iorque/São Paulo, para ir assistir aos jogos da Ponte onde quer que acontecessem (Santos, Ribeirão Preto,

Piracicaba etc.). Já no domingo à noite, feliz ou infeliz com o resultado, regressava aos ‘States’…

Lembro-me de que, certa feita, a família (meus pais e irmãos) se achava em Nairobi, no Quênia, de partida para um safári. Pois não é que papai, frustrado porque não recebia, via ‘telex’ e a cada dez minutos, notícias sobre um certo jogo da Ponte (não me lembro qual), chamou então um empregado do chiquíssimo ‘Victoria Lodge’ e prometeu-lhe uma gorda gratificação, caso o homem, valendo-se do possível meio de comunicação (inclusive tambores…) apurasse o resultado da partida que envolvia a ‘Black Bridge’. Todavia, como o atônito funcionário não tivesse entendido direito o nome do ‘team’, de pronto, papai completou: ‘Black, as you are, and Bridge, as any one of those human  constructions over the rivers!’. O fato é que, sendo Deus grande e, possivelmente, pontepetrano, uma hora depois, o gorjeteado voltou e trouxe a desejada informação…”.

Pregado no poste: “O recepcionista era bugrino”

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