Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Não aguento mais…

…ver programas de receita na televisão. Outro dia, um mestre cuca definiu o programa de uma colega da mesma emissora (imagine se não fosse!): “Cozinha light não é aqui, não! Aqui é culinária, lá é medicina.” Puts! Acabou com o esforço da outra.

Também não agüento ver a Sandy e o Júnior chamar os telespectadores e a turminha da platéia de “galera”. Perderam o dicionário? E os boletins noticiosos chamados “Em cima da hora”, da tal “Globoneves”? Os apresentadores são bons; elas, ótimas… São todos jornalistas, capricham, mostram que respeitam o telespectador, e dão conta do recado direitinho. Sabem o que falam. Mas o que dá sono é o conteúdo: parece Holiday on Ice. Viu um, viu todos.

Não agüento ver a Sônia Maria Braga (ou é Ana Maria?) e aquele papagaio. No dia do centenário do Ary Barroso, ela mostrou uma orquestra, que parece ser excelente, comandada por um músico de nome Zérró. São 22 músicos – 21 homens e uma jovem. A amiga do papagaio perguntou as origens do Zérró e se nenhum dos músicos paquerava a única instrumentista do grupo. A moça pediu para falar que ama o namorado e a conversa acabou. Nenhuma exibição deles, que estavam ali só para homenagear Ary. (O garoto-propaganda das Casas Bahia aparece tanto, que deve ser parente do ACM. Quer pagar quanto para mudar de assunto?)

Não agüento ver filmes na televisão. Em casa, já apostam: quantas vezes o mesmo filme passa em todos os canais? Abertos ou fechados, não importa. Numa tal de USA, tarde de domingo, passaram um filme bem velhinho, do detetive Columbo (a capa dele já estava bem surrada…). Você acredita que passaram, primeiro, a última parte, e depois o começo? Mas nem quando a TV Tupi estava no fim, faziam isso com o telespectador.

Não agüento ver programa de mesa-redonda de futebol na televisão. Até que outro dia, vi um que se salva, aquele com o Armando Nogueira. Ele levou o jornalista Juca Kfouri (“água mole, em pedra dura, tanto bate Juca Kfouri”, dizia a Magda), que acaba de lançar um livro – deve ser bom. Ele fala da noite em que, pleno Pacaembu, de tanto dar pancada no Mané Garrincha, o zagueiro Dalmo, do Santos, foi expulso. E o Mané até impediu que seus colegas do Botafogo agredissem o agressor: saiu junto, solidário, mão no ombro, consolando o Dalmo até a escadaria do vestiário. Valeu a noite perdida diante da TV. Só faltou o Juca contar que, até hoje, o Santos não pagou o passe do Dalmo ao Guarani. Quanto vale hoje um zagueiro bi-campeão do mundo, melhor do que o Roberto Carlos?

Pregado no poste: “Terra da Gente e Caminhos da Roça? Só…”

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