Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Mariposas e borboletas

Trecho do relato de alguém que viveu no tempo das mariposas em Campinas, mas quer o nome em sigilo – claro!

“… antes do Jardim Itatinga, as casas das ‘primas’ ficavam entre as ruas Bernardino de Campos, Senador Saraiva e Benjamim Constant; na Senador Saraiva as mais famosas, como a da Rosa (companheira do Geová), a da Paraguaia, a da Álea, a da Geni (que só atendia garotos usando gravata). A da Madame China, era na Ernesto Kuhlmann esquina com Benjamim Constant (onde existe hoje o prédio da Telefônica), e a da Lola (Castelinho), na Conceição com Boaventura do Amaral. Faço este pequeno comentário com certo conhecimento de causa, porque vivi aquele tempo e sentia como Campinas era diferente, não só nesse aspecto, mas em tudo o mais…”

Relato da Hildete Pimentel, campineira por adoção e, vejam seu gesto, por vocação. O lugar é o mesmo, agora habitado por borboletas de verdade!

“Aqui estou eu novamente com minhas historinhas. Relutei para te contar o que aconteceu porque acho que é uma coisa meio assim sentimental, de mulher. Talvez devesse contar é pra Sheila Roseli.

Terça-feira passada, depois que saí do dentista, fui ao ‘Mercadão’ comprar peixe e depois esperar meu ônibus, ali na Benjamin Constant, ao lado da Telefônica. Estava eu já meio cansada, pois o ônibus que eu uso é bastante demorado, quando alguma coisa pousou no meu colo, quase perto do meu pescoço. Pensei que fosse um pedaço de plástico jogado por algum ‘educadinho encardido’ que suja as ruas da cidade. Não era.

Era uma linda borboleta. Confesso que fiquei feliz com aquele ‘broche’ vivo abrindo e fechando suas asinhas bem em cima mim. De repente, foi-se embora para voltar logo em seguida. Eu a mostrava para as pessoas que estavam ao meu lado e algumas davam um sorriso outras faziam uma cara de surpresa. E eu olhando a bichinha grudadinha em minha blusa, tipo indiana, bem bonitinha, colorida (não espalhafatosa, mas colorida), o que deve tê-la feito pensar que era uma flor.

Aí, então, a ficha caiu. Isto mesmo, aquele trecho da cidade não tem plantas nem flores, apenas umas poucas árvores próximas ao terminal (não tem sequer um pé de Alecrim, né?). Então, tomei uma decisão, antes que o ônibus chegasse e ela inventasse de entrar comigo onde morreria, por não poder sair. Mesmo correndo o risco de perder o bendito ônibus, fui andando devagarinho, com ela quietinha, coladinha na minha blusa e parei na frente das bancas de flores do ‘Mercadão’. Mal parei, ela levantou vôo e foi para as flores.”

Pregado no poste: “Hildete, um verso de Campinas”

 

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