Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2000Crônicas

Lendo e ouvindo

Diálogo entre a apresentadora Lorena Calábria e o compositor Gilberto Gil, no programa “Metrópolis”, da TV Cultura:

Ela: Esse seu novo disco é acidentalmente conceitual, né?

Ele: Não, a novidade é sua compactação temática.

            Até ia esperar para ouvir, mas depois dessa, a TV saiu do ar. Juro que saiu!

Carta do leitor Wolfgang Kiefer, no Estadão de sábado passado: “Brasileiros e brasileiras, artigo 1º: Todo poder mama no povo…”. E satirizando Olavo Bilac, eu diria: “Por que me afanam em meu País !”

            Conversa entre um freguês e um (falso) mendigo no shopping center, aqui em Campo Grande:

— Me arruma dinheiro para eu tomar um refrigerante?

— Vai pedir pros deputados, eles acabaram de levar tudo.

Esta outra conversa é do tempo em que se discutia se o mandato do Sarney deveria ser de quatro ou cinco anos. Ouvi na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. O repórter fazia pesquisa de rua e perguntou a um cidadão: “Quatro ou cinco anos para o presidente José Sarney?”. O entrevistado respondeu: “Perpétua!”.                      (Gozado. Quando fui fazer a correção deste texto, o computador empacou na palavra “Sarney” e deu como sugestão substituí-la por “Sarnão”. E para “Cardoso”, do Fernando Henrique, apareceu “Sardoso“. Juro por Deus! Para “Covas”, do Mário, não apareceu nada. Nem precisa. Finalmente, um computador inteligente.).

Uma professora, num ônibus, também aqui em Campo Grande: “Esses desgraçados querem teto salarial duplo, porque todos eles têm telhado de vidro !”.

Outra carta, a do leitor Osvaldo Soares Filho, de Guarulhos, no mesmo Estadão: “E o brasileiro se diverte contando piada de português. Será que em Portugal, o povo sabe que, no Brasil, o povo escolhe o ladrão e paga para ser roubado? E quem não comparecer no dia da eleição ainda paga multa?”.

Esta saiu num artigo do Chico Anysio, num velho Pasquim, que andei folheando outro dia. Na banca de peixes de uma feira-livre, a mulher aponta para um peixe e pergunta ao feirante: “Pirarucu?” E o feirante responde: “Tiraram, sim senhora!”.

Aconteceu no Rio de Janeiro. A repórter de trânsito, a bordo de um helicóptero ameaçado por uma tempestade, já descabelada pelo vendaval, informa: “O vento está ventando ao contrário!” Mais uma no Rio: “Agora, só falta o Ronaldo Cezar Coelho mostrar os membros do COI para a multidão”. Aconteceu uma parecida aqui em Campinas. O narrador perguntou ao repórter volante: “O Clayton se machucou na jogada?” O repórter respondeu: “Não, ele até já está massageando seu membro em pé”.

Perto de Marília, a fazenda do pai de um político famoso, principalmente aqui pelas bandas de Campinas, foi invadida por ladrões que levaram duas garruchas, um par de botinas amarelas e um despertador quebrado. Do distrito policial, o repórter deu a notícia. No estúdio, o apresentador do programa completou: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão…”. Foram os dois para a rua. O dono da rádio era (acho que ainda é) cupincha do político. Nessa história, só os ladrões de galinha foram presos. Será que pela cor da botina se conhece o político? Não? E pela cor do colarinho branco, dá para desconfiar?

PS — Responda rápido: O que é mais feio, o time ou esse uniforme do Guarani ? Deus me livre !

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