Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Juramento de hipócrita

Raquel e Ralfo Bolsonaro, filhos da lendária educadora campineira Dionéia Bolsonaro, contam vergonhoso ‘causo’ também acontecido naquela cidade entre o Pólo Sul e o Pólo Norte. Digam, amados irmãos Penteados:

“Caríssimo: meu pai, Heronides Antunes de Campos Bueno Penteado, nome e sobrenomes de família bem quatrocentona, passou por agruras, em tempos de antanho, que ele nem ninguém podem sofrer, posto que todos devem ser atendidos em sua humanidade, não por seu sobrenome e parentesco. Ele sempre ia, em fins de semana, para sua chacrinha alhures. Numa destas idas e vindas, na vinda, em fim de tarde de domingo chuvoso, estrada ruim, atolou o fusca e tentou empurrar sozinho… Cardíaco, passou mal e caiu ao lado do carro.

Por anjos e deuses, passou na estrada um casal e a mulher disse: ‘É o marido da Dionéia… Pára!’ E o socorreram e o levaram para o hospital de algures, aonde deu entrada e… notícia ruim corre depressa, ligaram para minha mãe dizendo que ele estava à morte e que era pra ela ‘levar o terno’!

Ela ligou para meu tio, que prontamente chegou ao hospital à procura de meu pai. Encontrou-o em uma maca, num canto do pronto-socorro, do jeito que tinha chegado… Só faltava a etiqueta no dedão!

Foi logo perguntando a um jovem médico: ‘E  meu cunhado?’. A resposta veio: ‘Quem é seu cunhado?’

‘É aquele lá!!!’, exclamou meu tio, apontando para meu pai.

‘Aquele lá? E eu pensei que fosse um indigente!’ (Meu pai estava enlameado, por ter empurrado o caro e caído na estradinha de terra.).

Escapou, por ser de família conhecida e não por merecer, como ser humano, tratamento decente e ético.

Quando vou a esta cidade, entre o Pólo Sul e o Pólo Norte, este ser que se denomina médico está por ali, exercendo ‘sua’ medicina. Fico pensando em quantos, como meu pai, passaram por ele nestes anos em que ele continuou a ser chamado de médico e a exercer o  direito de vida e morte…”

Pregado no poste: “Não tomemos um por todos nem todos por um – só se for chope…”

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