Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Insulto

O endinheirado povo brasileiro é obrigado a pagar todo mês a cada senador R$ 16.512,09 além de até o 15º salário. Cada um tem o direito (e cada um de nós, o dever) de agüentar o pagamento de seis assessores e cinco secretários. O assessor ganha R$ 8 mil e o secretário, R$ 6,8 mil. Assim, o total dos nossos gastos com essa gente é R$ 54 mil.

Arrancam de cada cidadão R$ 15 mil por mês, por um troço chamado “Verba indenizatória” — gastos nos estados de cada senador, com aluguel, gasolina e alimentação; se não usar toda a verba num determinado mês, acumula para o seguinte.

Quem não mora na cidade mais suja do Brasil recebe da gente R$ 3.800 por mês. Para um senador paulista, o povo tem de dar até R$ 60 mil por mês para ele mandar suas cartinhas aos amigos, cabos eleitorais, parentes, etc. etc. etc… (Principalmente para os etc.?) Temos de dar mais R$ 500 todo mês para ele pagar a conta do telefone. Também pagamos as passagens de avião e 25 litros de combustível POR DIA (‘cuitadinho’…). O povo banca R$ 8.500,00 por ano para o senador imprimir o que quiser. Ainda recebe cinco publicações por dia às nossas custas.

E os deputados? Ah, os deputados! São R$ 16.500 por mês, além do 15º salário. Dede o mês passado, enfiamos no bolso de cada um R$ 60 mil mensais e cada um pode contratar 25 “funcionários”. Também damos o ‘troço’ da ‘Verba Indenizatória’ de 15 mil, todo santo mês. O Auxílio Moradia é de R$ 3.800 e se o cara morar em Brasília também leva, meu! (O meu, o seu, o da sua mãe, do órfão, dos mendigos, doentes, idosos…). Aviões, telefonemas, gráfica, jornais, revistas, tudo igual.

É a maior relação custo-malefício do mundo. Cada vez que vejo uma criança pedindo comida sei que o pai dela, quando compra um pão, ajuda a pagar esses políticos e a sustentar a granja e o palácio do Lulla. O Brasil não dá nojo?

Diante de tanta generosidade voluntária na marra, dona Rose Marie Afonso Madeira (ponte-pretana desde quando o uniforme da Macaca era verde-branco, já gargalhava quando atendi sua ligação, para ler a notícia no “Correio” de sábado: “O governo do Estado prevê liberação de R$ 18 mil para Santa Casa de Campinas.”

Pregado no poste: “Vote nulo, em legítima defesa!”

 

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