Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Foi ele

O campineiro é assim – mais ou menos: mais ponte-pretano do que bugrino, mais corintiano do que ponte-pretanos e bugrinos juntos. Hoje, 65% dos campineiros são de outras plagas: a maior parte, do nosso interior, posto que aqui não é interior nem capital, aqui é Campinas. Depois, os campineiros são, pela ordem, mineiros e paranaenses.

Há dez anos, descobriram que 60% dos campineiros (e campineiras) preferem lavar suas roupas íntimas (calcinha, cueca, sutiã e camisinha) durante o banho. Os homens lavam menos do que as mulheres, mas as mulheres acham melhor porque temem que alguém pode pegar para lavar e fazer mandinga.

Uns cinco anos depois, ao conhecer essa curiosíssima descoberta, um mineiro daqueles de Minas inventou uma engenhoca para lavar roupas íntimas no banho. Enche-se um vasilhame com a água quente do chuveiro, põe-se um pouco de sabão e liga-se um motor igual ao de aquário. Pronto! É como dizia Maria Batalhão: “Lavou, tá limpo, uai!”.

(A gloriosa Maria tinha um slogan para os sentinelas da Escola de Cadetes: “Dinheiro na mão, calcinha no chão!” Hoje, ela diria: “Dinheiro na mão, calcinha no sabão!…”)

Essas descobertas (e muitas mais) são do campineiro de Campinas Roberto Zammataro, da Propesquisa. Veja que interessante: numa de suas sondagens ele perguntou a duas mil pessoas desta nossa terra, o que cada um faria se ganhasse a megasena. Uma quantidade enorrrme respondeu que fundaria uma ONG (honesta) para aprimorar o trabalho de domésticas: alfabetização, cursos de higiene, primeiros-socorros, manipulação de produtos químicos de limpeza, noções de eletricidade e de encanamento… Quando se sabe que a pia da cozinha tem mais bactérias do que a bacia da privada… Mas quem pensaria nisso? Só campineiros. E ninguém conhece os campineiros sem conhecer o Zammataro.

Li para ele uma pesquisa da ONU e outra do IBGE. As Nações Unidas dizem que 10% da população mundial é formada por homossexuais e o IBGE diz que no Brasil, são 14%. Quais as causas dessa diferença. Um jornal de Uberaba calculou, então, que lá há 39 mil. Se Campinas tem um milhão de habitantes, aqui há 140 mil. Ao que o Zammataro emendou: “Não se esqueça que 65% dos campineiros vêem de fora!” Ele jura que a próxima pesquisa será sobre a cor preferida dos campineiros. “As do arco-íris”, chutei.

Pregado no poste: “Você é campineiro de onde?”

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