Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Fogo neles!

Para quem considera a Justiça brasileira lerda, aqui vai bom argumento para nossos meritíssimos magistrados, contado semana passada pelo jornal inglês “The Independent”: “Florença resolveu perdoar um de seus filhos mais ilustres: aprovou moção de perdão a Dante Alighieri, 706 anos depois de condená-lo à morte por sua orientação política, levando-o a se exilar pelo resto da vida.”

Em Campinas, ninguém pronunciava melhor o nome do gênio d‘A divina comédia’ do que nossa professora de História Ancilla, dos Bannwart que vieram da Suíça para Helvetia. Na TV, quem tem quase 60 anos há de se lembrar do mestre Heitor de Andrade, anunciando os alunos do tradicional colégio “Dante Alighieri”, no programa “Sabatinas Maizena”.

Curiosa esta nossa cidade: outra fantástica professora de História, Águeda Sarto de Nucci, é sobrinha-neta do papa São Pio X, que introduziu a Primeira Comunhão no catolicismo. Mais? Dom Agnelo Rossi, o “Papa Vermelho”, orgulhava-se de ser campineiro, “como filho da cidade que mais bispos deu ao Brasil”.

Também neste país do presidente que não sabe nada (ele confessa) um religioso, frei Pacífico de Monte Falco, está na raiz de um dos mais antigos processos do Judiciário brasileiro, aquele que comprova que as terras do Pontal do Paranapanema são particulares, jamais devolutas. Intere$$es ideológicos e financeiros arrastam essa questão desde 1831.

Atenção, senhores ouvintes! A biografia de Dante é a prova das provas de como se degrada um ser humano. Ele viveu duas vidas, completamente independentes. Diz o jornal inglês que como autor de ‘A divina comédia’, foi o gênio cujas evocações de inferno, purgatório e paraíso mantêm leitores cativos há séculos, criador de modelos literários que o resto da Europa seguiu. Transformou o italiano numa grande língua literária.

Aqui, o ‘bicho’ pega: Dante foi também político. Encurralado pelo Papa Bonifácio VIII, foi a julgamento em Florença, acusado de aceitar suborno. Ao não comparecer para responder às acusações, foi condenado à morte na fogueira, caso voltasse à cidade. Exilado, nunca mais voltaria a sua Florença natal. Hoje, para fugir ao julgamento, eles renunciam. E continuam corruptos!

Pregado no poste: “51 dividido por dois é meio litro para cada um”

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