Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Falta do que fazer

Faixa anunciando liquidação na porta de uma loja de jeans aqui em Ribeirão Preto: “Abaixamos as calças!”. Ao lado, outra faixa anuncia evento na boate Mix: “Show para todos os sexos”. Uma atelta fracassou no salto e um site escreveu que ela teve problema com a vara. E falam de Campinas…

Agora, o sindicato dos carregadores de malas da estação rodoviária de Brasília, ex-Capital da Esperança, coloca em votação abolir o bigode dos quarenta sindicalizados, “em nome da higiene”. Em primeiro lugar, como falar em higiene na capital da sujeira? Em segundo lugar, o que tem a ver o cós com as calças? Se fossem garçons, vá lá.

Nunca reparei, mas acho que garçom não usa bigode. Em 1970 e bolinha, o general Antônio de Spínola, que livrou Portugal da ditadura salazarista, foi expulso do país por tentar livrar a nação da ditadura comunista que a ameaçava. (Gratidão de comunista). Spínola escolheu o Brasil para exílio e hospedou-se em São Paulo, no hotel Jaraguá, cujo tinha uma passagem secreta para a redação do ‘Estadão’. Passagem que dava refúgio aos jornalistas quando os gorilas do Dops invadiam o jornal.

O grande repórter Milton Rondas foi o escalado para se fantasiar de garçom e, usando aquela passagem secreta, levar comida à suíte do general e tentar uma entrevista. Na hora “H”, o maître mandou-o cortar o bigode. Milton colocou a sopeira no chão e saiu: “Meu bigode, não. Imagine! Português não simpatiza com gente sem bigode!” Convenceu.

Lembro-me de que o Darcy, da churrascaria Gaúcha, na Campos Salles, lá em cima, não usava. Possante e o lancheiro Moleza, do Giovanetti, também não. Moraes, do La Tulipa, no Castelo, idem. É uma pena, não achei o ‘Bughe’, querido Roberto de Andrade. Ele diz que não conhece nenhum dono de restaurante, mas garçom, conhece e é amigo de todos.

Quando se trata de não ter o que fazer, como esse pessoal do sindicato de Brasília, o Renato Otranto estrila com a sugestão desse governo para o povo só fazer xixi na hora do banho. “Meu vizinho só toma banho duas vezes por semana, coitado. Vai virar uma pipa. E esse negócio de privada usar só 15 litros d’água para a descarga? Tem gordão por aí que terá de fazer em quatro vasos ao mesmo tempo. Você se lembra da dona Dora, aquela gordona, garçonete do bar embaixo do ‘Correio’? A molecada dizia que se ela fizesse pum no saco de confete, era Carnaval o ano inteiro…”

Pregado no poste: “Aquele deputado que se lixa para o povo é porta-voz do Congresso!”

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