Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Esqueceram de nós

“Surpresa: o Brasil inventou a fotografia e o rádio, além do avião e da abreugrafia.” Essa “surpresa” está na capa daquela (excelente) revista “Superinteressante”. A reportagem fala de “Descobridores do Brasil”, cientistas cujas obras mudaram e melhoraram a vida dos homens. Coincidência: a história da fotografia, do rádio e do avião passa por Campinas. Conquistas fundamentais para a humanidade: basta imaginar como seria o mundo hoje sem elas.

Primeiro, veio a fotografia, com o francês Hércules Florence, campineiro por opção, que em 1833 batizou sua invenção de “photographie”, sete anos antes de seu conterrâneo Daguerre também fixar a imagem por meio da luz.

A história do avião também passa por Campinas, com Santos Dumont, estudante do colégio “Culto à Ciência”, amigo de Carlos Gomes e freqüentador do Centro de Ciências Letras e Artes. O Mesmo CCLA, da mestra Maria Luíza Pinto de Moura, da família do padre Roberto Landell de Moura.

Falando nele… A primeira transmissão de rádio do mundo aconteceu em Campinas, em 1892, três anos antes de Marconi. Façanha desse padre gaúcho, então pároco da igreja do Carmo, de 28 de outubro de 1892 a 1º de Dezembro de 1896. Por causa do seu invento, foi expulso da cidade. Por imposição do clero! Diziam que ele tinha “parte com o diabo”. A “Super” repete a história que já contei aqui numa de nossas conversas. Em São Paulo, ele fez uma transmissão da Avenida Paulista, ouvida no bairro de Santana. Foi expulso pelo bispo, dom Duarte Leopoldo e Silva, ancestral de Carlos Eduardo Leopoldo e Silva, um sócio do “marechal” Paulo Machado de Carvalho justo na Rádio Jovem Pan! E que fica na Avenida Paulista esquina da Alameda Joaquim Eugênio de Lima.

Desiludido, foi para Nova York. Lá conseguiu patentear seus inventos: transmissor de ondas sonoras, telefone sem fio (avô do celular) e telégrafo sem fio. De volta ao Brasil, em 1905, tentou demonstrar a importância do rádio ao então presidente Rodrigues Alves, que o chamou de “maluco”. Mas 17 anos depois, o País importava equipamentos para sua primeira emissora de rádio.

A revista conta os milagres mas se esquece da santa, esta ex-“Santa Cidade”…

Pregado no poste: “Vou contar pro Papa quem matou o Alecrim.”

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