Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

Deus salve as piranhas!

Não é quem você está pensando, mas elas também merecem a salvação. É que as piranhas decidiram reagir à presença do homem numa represa lá em Santa Cruz da Conceição, e agora querem acabar com as coitadas. É bom lembrar que quem está sobrando na Terra é o homem. Sem eles, animais e vegetais teriam um convívio espetacular – nem bichos nem plantas precisam do homem para existir. Já o homem não viveria sem eles, embora seja o único a destruir os outros dois.
Outro dia, no “Terra da Gente” (e da repórter Maraísa Ribeiro), mostraram uma reportagem que diz assim: “Para os pantaneiros, as piranhas são responsáveis pela limpeza dos rios da região. Elas comem todos os animais mortos que são levados para dentro d’água. Mas dificilmente atacam o homem. O cantor e compositor Almir Sater não tem medo das piranhas. Ele jura que elas não atacam o homem: ‘Tinha um médico, amigo meu de Campinas, e ele começou a falar de piranha, se ela mordia, e eu disse que isso é lenda; a gente toma banho aqui e piranha não pega ninguém.’”
O prefeito de Santa Cruz da Conceição, Jair Capodifóglio, parece, achou o caminho certo: torneio de pesca para reduzir a população de piranhas. Foi assim na cidade de Luiz Alves, em Goiás. Com a recomendação para que os turistas comam as piranhas. Um prato sugerido é a “isca de piranha”, cozida, cortada em tiras, passadas na farinha de trigo, e fritas, para saborear com sal, alho e limão.
Outra receita é do Vicentão, também lá do sempre ótimo ‘Terra da Gente’: “Quatro piranhas grandes; três cebolas médias; três tomates maduros; meio quilo de mandioca cortada em lascas finas; coentro; salsa e pimenta. Coloque numa panela grande as piranhas em postas, formando um círculo, para que fique um buraco no meio. Acrescente cebola e tomate picados, mandioca, coentro, pimenta e salsa, tudo a gosto. Ponha água até cobrir os pedaços de piranhas. Deixe no fogo por meia hora. Sirva em cumbucas. Pode-se pôr uma colher de sopa de farinha de mandioca torrada na cumbuca.”.
Dizem que é melhor do que Viagra e tão gostoso quanto “punheta de bacalhau”, cuja receita saiu dia desses na revista “Metrópole”, aqui do nosso Correio Popular. Mas prefeito, cuidado para não acontecer o que se deu em Corumbá, certa vez. Prenderam um grande prostíbulo flutuante, no Rio Paraguai. Manchete do jornal de lá: “Polícia apreende barco de piranhas”.
Pregado no poste: “Poste só se livra de cachorro no deserto.”

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