Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

1998Crônicas

Custou

Clube que já teve César Contessotto, Jayme Silva, Sebastião Otranto, Leonel Martins de Oliveira e Ricardo Chuffi na presidência não pode se contentar com um Beto Zini.

Equipes que foram dirigidas por Armando Renganeschi, Godê, Elba de Pádua Lima (Tim), Zé Duarte, Dorival Geraldo dos Santos, Pepe e Carlos Alberto Silva não podem ser sucedidas por um elenco treinado por quase 40, cedendo à veneta e caprichos do presidente. Então, ele que vá ser dono de pensão de alta rotatividade. Mas não “tal qual a dona de um bordel”…

Time em que jogaram Dimas, Ferrari, Osvaldo Cunha, Diogo, Macalé, Eraldo, Benê, Telê Santana, Roberto Btagalia, Amaral, Careca, Zenon, Renato, Joãozinho, Nelsinho, Babá, Américo Murollo, Luizão, Djalminha não pode ter jogadores como esse tal de Aílton vestindo a mesma camisa. É melhor rasgar e queimar as fotos em que aparecem. Vamos apagá-los da história do Guarani.

Mais: clube com um conselho deliberativo conivente com um presidente desses merece, mesmo, ficar por baixo, para fugir da chacota – a vítima é sempre o sofredor, digo o torcedor, que paga tudo. Se for esse o preço para se livrar…

A final da primeira fase desse campeonato brasileiro, manchado por virada de mesa e pela presença suspeita de Fluminense e Bragantino, não teve graça nem emoção. Sempre fica uma pontinha de dúvida. Será? Passou o certame inteiro apanhando e, de repente, dá de quatro no Grêmio em pleno Olímpico? No penúltimo jogo, só consegue ganhar do pior time nos descontos do segundo tempo? Quando acabou o jogo com o Vasco da Gama, na noite de sábado, dei de ombros. Triunfo sem glória.

Se o Guarani estivesse caindo de pé, cabeça erguida, ainda valeria a pena torcer e acompanhar o jogo. Bastaria encontrar a Rádio Brasil nas ondas tropicais e “ver” o jogo com a equipe do Valdenê Amorim – essa sim, uma equipe que vale a pena acompanhar. Eles não enganam ninguém. Rogério Achiles, Claudinei Corsi, os “Robertos” Marcondes e Diogo, Marcelo Boni e Eduardo Rodrigues foram escalados para narrar a tragédia que não aconteceu. Como se vê, o técnico é competente, os jogadores vestem a camisa do clube e o presidente tem juízo.

Em Goiânia, a torcida do Goiás, vendo aquela exibição vergonhosa do seu time contra o Corinthians, outro ameaçado, denunciava aos berros: “Marmelada! Marmelada!” Não sei como se comportou a torcida do Vasco. Acho que os vascaínos nem apareceram. Também, eu não pagaria pra ver um jogo entre um time que tem como presidente Beto Zini e outro, o Eurico Miranda. Como diz meu amigo Osmar Santos, “é muito pra minha moringa!”

Contaram que depois desse jogo “esquecível” com o Vasco (aliás, o jogo foi contra o Vasco ou apenas com o Vasco?), o presidente anunciou a venda do Aílton. Não apareceu ninguém para anunciar a venda do resto do time (ou time de resto?) nem do presidente? Alguém quer levar o conselho deliberativo? Nem de graça? Já sei: se conselho fosse bom, ninguém dava, né? Ainda mais esse…

Não devia sobrar nada. Mas sobrou a gozação dos amigos: “Custou para o Guarani se salvar. Como custou!” E com que ironia eles dizem “custou”!

PS: Acorda, Chico!

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