Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Crime dental

Quando me contaram, não acreditei. A gente lê sempre notícias sobre erros médicos, erros de engenharia, erros judiciários, erros de imprensa – ainda outro dia, saiu que 65% das denúncias contra erros médicos são infundadas. Mas não consigo me lembrar de erros cometidos por dentistas. E olha que desde que começou a escola superior do monsenhor Salim, ela formou milhares de dentistas para Campinas, o Brasil, o mundo e Portugal…

A cidade tem e teve muita gente famosa tratando da boca do povo por causa da Odontologia da Puccamp: nosso Grama era dentista. O Aluísio Douglas Ferrari, repórter-volante da PRC-9, também. O Antônio Cunha Mendes, outro repórter-volante, da Rádio Cultura, bateu na trave. Bruno Spoladore era da FAB. Mais? Marisa Rossi Simões, em Valinhos; Elizabeth Paes Portes, gentileza em pessoa; Ariovaldo Pirotello, Moacyr Pazzinato (consultório na Galeria Trabulsi, tempos da Rádio Brasil por ali, também), Theóphilo Ribeiro de Camargo pai e filho, o ator Ednei Giovenazzi (ou ele é protético?), Lalo da Alélia, Jesuíno Bicudo (genro da mestra Célia Farjallat, e que nos deixou há pouco). Também são dentistas o Carlos Alberto de Abreu Ferreira e o Armando Afonso Ferreira, mais seu filho, que sabem de tudo e de todos sobre a Rua Culto à Ciência.

Outro dentista é o José Carlos Baraldi Duarte, o Kai Kai, filho do seu Alfredo e da nossa mestra Italina. Mais: Mauro Ribeiro Sampaio, Raymundo Prado, Mario De Angelis, Omar Camargo Andrade, Ivo Ferreira Jorge, Floriano Peixoto Azevedo Marques, Antonio Luiz Pompêo de Camargo, Paulo de Castro Ferraz, Orozimbo Lopes…

Meu primeiro dentista foi o Ariovaldo Pirotello, dono do Fusca 62 mais conservado do Brasil. O motorzinho infernal era movido a pedal. Consultório a céu aberto, no quintal. Pacientes cuspiam no tanque – diziam que o “consultório” pertenceu ao Tiradentes. Imagine a dor. Hoje é a jato. Quer saber? Dói mais!

Eis que agora, aqui em Campinas, alguém quebrou o tabu. Um ilustre senhor, confiante em seu plano de saúde dental e em sua dentista, foi aconselhado a fazer uma dentadura. Diz a história que a doutora errou no preenchimento da papelada ou nos procedimentos e, agora, o plano não cobre a obra nem a obreira se responsabiliza. Como ele não pode pagar, sabe o que ela fez? Tomou a dentadura dele! Pergunto: aonde ela vai enfiar essa dentadura se só cabe na boca dele?

Pregado no poste: “Vai fazer dentadura? Cuidado!”

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