Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Caraquenhas

Carta de um amigo:

“Nesta semana, conheci um primo da Venezuela! A irmã da minha mãe foi para lá há trinta anos, e só agora eles poderão vir para cá e conhecer a família. Neste mês, veio meu primo; no ano que vem, a família toda.

Ele vendia frutas e verduras na rua para poder pagar sua faculdade. O Hugo Chávez pagou um semestre de sua faculdade. Ele é formado em veterinária e, pelo que entendi, montou uma prestadora de serviços. Hoje, seu padrasto trabalha para ele.

A Venezuela é um país muito difícil para se viver. Ele me disse que no ano passado, não tinha açúcar. Comprar açúcar era como comprar droga: tinha de ser no mercado negro. Ainda há problemas: faltam leite, carne e, em Cuba nem ovos há, apesar de tantas galinhas, lá chamadas ‘gineteras’…

Nas eleições, o voto não é obrigatório, mas não é secreto. Se você procurar trabalho, dependendo de quem recebeu seu voto, eles consultam e te dão ou não emprego. Perguntei ao meu primo sobre o Hugo, ele diz que é um louco, como o Lula, embora tenha sido bom em algumas coisas para os mais pobres.

Olha, acho que estamos no paraíso…

Os venezuelanos são bem machistas. Ele diz que tem vontade de morar no Brasil, mas com uma mulher venezuelana, para ser servido…

É necessário sigilo sobre esta carta, pois lá não há democracia e sair em jornal que o governo pagou um semestre de faculdade ao meu primo, pode ser perigoso para ele. Vão descobrir que ele não votou em candidato do Chávez.

Mulheres lá precisam tomar muito cuidado ao pegar táxi, pois é comum serem estupradas por taxistas! Aconteceu com uma amiga de minha prima! Ela tem 27 anos, sustenta família e trabalha muito. As pessoas são muito violentas lá. Matam por muito pouco, basta negar esmola para correr risco de vida. Ele está admirado com o trânsito de Campinas e que não vê cachorros na rua. Lá, as pessoas não querem trabalhar e preferem viver de esmolas ou roubando. (Aqui, também, e o patrocínio, idem.).

Por falar em rua, ele me contou que um funcionário teve dor de barriga no trânsito e não havia banheiros. Fez numa caixinha de ferramentas no banco de trás do carro, mas meu primo teve de frear bruscamente e tudo se esparramou! Carro velho demais. Um policial sinalizou para parar, mas por causa do cheiro, liberou correndinho!”

Pregado no poste: “Há algo de podre no reino da dona Marta”

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