Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Dá bode ou dá biségua?

(O título desta nossa conversa não tem nada a ver com o resultado da eleição.)

Não tenho cara de palhaço, de cantor de música popular ou caipira, de maestro, de poeta, de dono de jornal, de nobre, de padre muito menos de presidente da República. Mas já me convidaram quatro ou cinco vezes para ser maçom. E a cada convite, fico cismado: será que tenho cara de bode? Sim, porque os maçons são conhecidos por bodes — com todo respeito. E não fui eu que pus esse apelido nos irmãos.

Até fucei maçons ilustres, daí a dúvida sobre minha cara. Foram maçons os queridos palhaços Arrelia, Carequinha e Picolino; o campineiro Bob Nelson, primeiro caubói brasileiro; a dupla de zaga Gonzagão e Gonzaguinha, e é maçom o Tonico do Tinoco (que beleza!). O maestro Carlos Gomes, compositor batuta, e o padre Diogo Feijó, regente sem batuta, também. Campos Salles, Francisco Glicério e Júlio Mesquita, todos três campineiros e de barbicha (escrevi campineiros de barbicha). Assim como o poeta Gióia Junior, este sem barbicha. Ah! O marquês de Sapucaí, jornalista e ensaísta, que nunca foi sambista.

O fraterno missivista Gabriel Campos de Oliveira manda-me uma prancha (carta): a origem do bode remonta ao ano 3 depois de Cristo (que tinha barbicha e não era maçom.) “Vários apóstolos saíram pelo mundo a divulgar o cristianismo. No lado judaico da Palestina, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal comum na região. O apóstolo Paulo, soube por um Rabino, que aquele ritual era usado para expiação dos erros. Fazia parte da cultura do povo contar suas faltas a alguém da sua confiança. Como o bode nada fala, quem confessa fica seguro de que seus segredos serão mantidos. Na França de Napoleão, vários maçons foram presos pela Igreja. Mas ela nunca achou um covarde ou delator entre eles. Um inquisidor desabafou com seu superior: “Eles parecem bodes; por mais que eu os flagele, não consigo arrancar nenhuma palavra.”.

O bode, digo, maçom, Francisco Augusto Rodrigues, conhece a versão da estrela de cinco pontas: se ela tem um vértice para cima, é do bem, simboliza o homem e sua cabeça. A ponta para baixo é do mal, simboliza a barbicha, e os dois vértices para cima, os chifres do bode. Ele me contou que a filha do cavalo com a jumenta se chama biségua. O pai desse bode, meu sogro, tanto estudou que se tornou bode expiatório da Maçonaria.

Pregado no poste: “Hoje, se levar só o polegar, o mesário aceita?”

 

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