Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Heil!

(Há exatamente 50 anos, também a 3 de outubro, o Brasil elegeu Jânio Quadros. Em agosto do ano seguinte, ele fugiu. A história se repetirá?)

Quer conhecer o caráter de alguém? Basta dar um pingo de autoridade. Se for estúpido como quem lhe deu o poder, imediatamente desejará dominar o mundo. Ou como acontece nas ditaduras: o problema maior não é o ditador, mas o guarda esquina.

Não aconteceu em Havana, na Alemanha nazista, na Coréia do Norte nem em Pequim, cidade sem jardins porque para Mao Tse Tung “flores são enfeites burgueses”. É em Campinas — preste bem a atenção no que vem por aí. Passo o microfone para o repórter Fábio Gallacci:

“No Terminal Metropolitano, a equipe fazia reportagem sobre o medo dos cobradores de ônibus de perder o emprego, quando foi cercada por seis seguranças, alguns armados, que proibiram a repórteres ali dentro.”. Querem esconder o quê da sociedade, que paga o sustento desses “reis do pedaço”: que cobradores ficam com parte da féria do ônibus para dar aos “seguranças”? Como é a imprensa que informa o público, se o acesso de jornalistas é proibido em lugar público, é lícito suspeitar da conduta de todo mundo.

“Nos hospitais Municipal e Ouro Vede e no PS do Jardim São José, só se entrevistam e fotografam condenados a horas de espera pelo atendimento médico, com ordem da assessoria.”. Jornalista cerceando jornalista é um dos cúmulos da canalhice. Quem decide se quer ou não dar entrevista ou ser fotografado, em local que não comprometa a saude de ninguém, é o entrevistado. Querem esconder o quê, além da fratura exposta na saúde pública no Brasil inteiro? Funcionários que batem em doentes? Mercado de drogas ilícitas? Doentes servindo de mulas para vender remédios de distribuição gratuita? Não sei! Se escondem os fatos, são suspeitos.

“Na rodoviária, repórter e fotógrafo também foram abordados pela segurança, que perguntou a razão da equipe estar ali. Ele acionou a administração do local e só liberou a circulação após o sinal positivo pelo rádio.”. Será que seria descoberto tráfico de crianças? Todos que vão à estação têm de dizer o que fazem ali? A segurança estaria dando proteção a algum criminoso em fuga? Não sei! Mas não me deixam saber!

“Um segurança e um guarda municipal delimitaram a área de trabalho no Palácio dos Jequitibás. Entrevista, só na escadaria, mesmo com chuva. No mármore do saguão, nada feito.”.

Seo doutor Hélio, proteja o povo dos seus seguranças, afinal foi o povo que pos o senhor aí e agora seus homens querem tirar o povo daí.

O Sindicato dos Jornalistas já descobriu para que serve, além de fazer campanha eleitoral para o governo?

Pregado no poste: “Quem teme liberdade de imprensa não tem consciência tranquila”

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