Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2011Crônicas

Cada macaca no seu galho

Deu uma confusão dos diabos. Pediram ao Roberto Godoy uma reportagem que definisse bem as torcidas de Campinas. Foi em 1970, logo depois que a Ponte Preta brilhou contra a Francana, no tapete verde da Federação Paulista de Futebol, e entrou para a “divisão maior do futebol bandeirante”, como diziam locutores da época – José Sidney, por exemplo. Estava para acontecer o primeiro derby, desde que a coitada caíra para a segunda divisão, ainda em meados do século passado. Segunda divisão que o Guarani amargaria hoje, não tivesse subido vergonhosamente. Mas morde corrente na segunda do Campeonato Brasileiro, pela segunda vez. Time de segunda é isso.

Depois que surgiram os institutos de pesquisa, é fácil tirar a teima para descobrir a maior torcida. Que é a do Corinthians, todos sabem. Afinal, se tropeça em corintiano a cada passo. Tenho pena deles. Andam sempre em pencas, já viu? Mas são adoráveis. É a torcida mais bonita do mundo, mais pura (ou com limão) do Brasil. Jamais coloque num convite a um corintiano a expressão “traje a rigor”. Ele aparecerá vestindo o uniforme do time. Não o mande cantar o Hino Nacional, porque ele só sabe o do Corinthians. Para ele, o do Palmeiras é “Suíno do Palmeiras” e começa assim: “Quando surge o alviverde impotente…” Sem eles, que graça teria a vida? Aonde buscar consolo? São maioria aqui, lá, acolá, até em judocudas…

O Roberto Zammataro, do Instituto Propesquisa, fez nova sondagem, em julho, e exibe os números dos clubes com maior torcida em Campinas: Timão, 27,5%; São Paulo (veja só!), 19,9%; Ponte Peta (finalmente!), 16,2; Palmeiras (a italianada está no fim), 12,1%; Guarani (eu e mais 10,1%); Santos (todos da Era Pelé), 6,7% e Flamengo (2,7%).

Na hora de mostrar o perfil do bugrino e do ponte-pretano, o Beto resumiu: “É assim: num botequim, o dono é do Guarani e o que serve cafezinho no balcão é da Ponte Preta”. O presidente Said Abdalla quase vira bugrino de tanta indignação. Para acalmar a fúria daquele grande presidente da ‘Nega Véia’, que invadiu a sucursal do ‘Estadão’ puxando os cabelos que nem tinha mais, eu falei:

— Calma, presidente! Sabe como o senhor percebe se um carro é velho, mas bem velho, mesmo, quase carroça?

— Não…

— Se ele tiver o adesivo “Ponte Preta campeã de …”

Saí correndo e me escondi no Café Caruso.

Pregado no poste: “Viva o Campinas!”

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