Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Boas festas

Tomara que você, sua família e seus amigos tenham um feliz Natal amanhã. Se houver ceia em sua casa, convide alguém que você conheça e que viva sozinho, para participar e ganhar uma lembrança. Pode acreditar: essa pessoa pode viver mil anos e se esquecer de tudo o que viveu, mas jamais deste Natal. Quer saber? Nem você vai se esquecer.

Não se lembre apenas dos amigos e parentes. Imagine sua vida sem os que levam o lixo da porta da sua casa e dos varredores de rua. Mesmo nestes tempos de Internet, como viver sem o carteiro – quantos cartões de Natal ele entregou para você este mês? Eu tinha meia dúzia de tartarugas em casa; dei uma de presente de Natal para um carteiro e ele ficou feliz da vida! Falando na Internet, quem você chama quando pifa seu computador?

Dá para passar sem o entregador do seu “Correio Popular”? E sem o entregador de pizza? Imagine você com uma dor daquelas e a farmácia sem ninguém para levar o remédio até você. Como seria seu jardim sem o jardineiro? Você já experimentou fazer toda a faxina de sua casa duas vezes por semana? Quem limpa a caixa de gordura? (Puts! Caí dentro dela uma vez. Nem fale!) Está certo que cada vez que o guarda noturno apita, a gente acorda; mas ouvi-lo apitar dá uma tranqüilidade…

Seu prédio de apartamentos seria como a torre de Babel, sem zelador, porteiro, pessoal da limpeza e sem o síndico. Antigamente, as contas de água, luz e telefone eram entregues em casa. Nem por isso você vai se esquecer dos leituristas. Quero ver você sem encanador ou eletricista na hora do fio desencapado, do curto-circuito ou do cano estourado. De quantas filas e burocratas um contador ou até um guardinha já livrou você?

Aquela chuva que Deus manda, você e a família na porta do restaurante: cadê o manobrista? Deus nos livre da falta que fazem o bombeiro (no fogo e na enchente); o repórter, o médico e o enfermeiro do pronto-socorro; o mecânico e o borracheiro; o taxista, a telefonista, os cientistas, o empacotador do supermercado, o bom policial e o salva-vidas do clube.

Não precisa dar dinheiro, se não puder. Só dizer “Feliz Natal”, quando eles menos esperam, faz um bem daqueles.

Mas se um político mandar cartinha desejando boas festas, retribua, pedindo que ele renuncie. Já pensou que presentão? Um Brasil sem políticos? A gente não pode viver sem aqueles profissionais, mas, sem políticos, que alegria viver!…

Pregado no poste: “Papai Noel, não se lembre dos políticos!”

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