Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Além do Vicente Matheus

Não foi só o Vicente Matheus que deu aquela mancada ao agradecer a Antarctica pelas Brahmas “que mandou lá pra casa”. Essa história tem muitos protagonistas, como o Valdomiro, atacante do Internacional de Porto Alegre, que estava ansioso por jogar em Belém, “a cidade onde Jesus nasceu”.

Agora, a dama de Itanhaguã (Conhece? Nem eu.) manda uma história acontecida naquela terra, nos primórdios do sabão em pó:

“Quando em Itanhanguã não se falava em sabão em pedra, muito menos em pó, mas só se usava sabão de cinza, eis que aparece uma novidade: sabão Platino. Ao mesmo tempo, surge uma revolução nos sabões modernos: sabão Minerva, cor-de-rosa, cor que lhe dava um certo status. O Platino era cinzento.

Necessário se fazia uma boa divulgação do produto. Amostras foram entregues a algumas pessoas, orientando com cuidado: ‘Experimente e diga amanhã o que achou.’ No dia seguinte, no largo do Mercado, montou-se um palco na carroceria de um caminhão, com alto-falante, onde cantores e declamadores, exibindo gratuitamente seus talentos, animavam a festa com centenas de ouvintes ao redor. Entre eles, o jovem Décio, que seria mais tarde cognominado ‘o Frank Sinatra brasileiro’, e a menina Letinha, que quando moça foi considerada uma das melhores intérpretes da nossa música popular. Nessa grande animação, foi chamada uma das contempladas pelo sabão oferecido no dia anterior. Perguntou o apresentador:

— A senhora usou sabão Platino?

— Sim, claro.

— Gostou?

— Gostar, gostei, mas pra dizer bem a verdade, prefiro o sabão Minerva.”

(Como se vê, essas experiências de sabão com a Márcia Peltier e a Renata Ceribelli não têm nada de novo. Ah se todo branco… digo, se toda propaganda fosse original!…)

Em Campinas, há quase meio século, deu-se coisa parecida. Se bem me lembro (tenha dó, quase 50 anos!) o querido João Fida tinha um programa infantil na Rádio Educadora, às cinco e meia da tarde. Ele contava uma história em capítulos e a criançada tinha de ouvir, escrever a trama com as próprias palavras, e mandar para a rádio. A melhor redação ganhava um brinde do patrocinador. Acho que era o açúcar Pérola, aquele do “saco azul, cinta encarnada”. Ou era o pirulito Zorro? Só sei que uma menina ganhou e o prêmio era dez caixas do pirulito Zorro. Uma menina ganhou e foi receber. Patético: “Não tem outro prêmio? Eu não gosto desse pirulito!!!”

Pregado no poste: “Machão não usa Omo, só Hétero”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *