Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Água!

Descoberto o jeito de acabar essa guerra no Oriente Médio. Ali também está a silenciosa disputa pela água. Eles sabem, por exemplo, que cada brasileiro dispõe de 46 milhões de litros de água por ano e eles, só de dois milhões. Lá, ela vale mais do que petróleo. (Conta da Universidade de Cornell.)

Feliz foi Noé, que teve toda a água do mundo. Hoje, o que se gasta é um absurdo e o que se desperdiça, uma incompetência. Cientistas de Cornell alertam que é melhor, desde já, trocar o bife com arroz por frango com batata, para… economizar água! Descobriram que um boi bebe tanta água desde que nasce até ser abatido, com menos de três anos, que cada quilo da carne dele representa um consumo de 100 mil litros que ele bebeu até chegar ao açougue. E um quilo de arroz, da brotação à colheita, 1.910 litros.

Enquanto isso, um frango bebe só 3.500 litros por quilo e um quilo de batatas usa 500 litros da germinação à mesa. Lembra daquela brincadeira “Cadê a água? O boi bebeu…”? Bebeu, mesmo. Assim, um boi com 250 quilos só vai para o matadouro depois de ter bebido 25 milhões de litros de água!

É a carne do mais beberrão de todos os bichos acompanhada da mais beberrona das lavouras, que muita gente leva para o prato todos os dias. O arroz só perde para a soja. Um quilo de soja “bebe” dois mil litros; trigo e alfafa, 900; sorgo, 1.100 e o milho, 1.400.

Um prefeito de Cabo Frio teve a pachorra de medir: gastamos 150 vezes mais água do que realmente necessitamos. Estrilou com o grande desperdício, agravado nas cidades que colocam flúor na água: “A população vai ao requinte de lavar carro e calçada com flúor. Não é um luxo?”

Os franceses também fazem as contas e sugerem vender um iceberg à Arábia Saudita. O imenso bloco de gelo deixaria o Pólo Norte pesando 100 milhões de toneladas e, dez mil quilômetros depois, arrastado por quatro rebocadores, chegaria à Península Arábica ainda com 80 bilhões de litros de água. Preço dessa água nos supermercados sauditas: US$ 0,60 o litro. Um bloco de gelo avaliado em US$ 48 bilhões (um terço da nossa dívida externa) singrando os sete mares, em direção às águas do Mar Vermelho.

É mais barato chamar Moisés de novo, para abrir caminho entre aquelas águas, mas desta vez, levando o povo árabe em direção à terra, digo, à água prometida. Os israelenses ficariam orgulhosos, os árabes eternamente agradecidos e o mundo, finalmente, em paz.

Pregado no poste: “D. Marisa, o Lulla é o último a saber?”

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