Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

A macaca era verde!

A Ponte Preta nasceu verde. O caso eu conto, creditando tudo à dona Rose Marie Afonso Madeira, que acreditou no avô, o ilustre cidadão português José Aquino Afonso, “um dos fundadores da Ponte”, cuja família mora no bairro desde o fim do século XIX. Seo Aquino chegou a Campinas em 1895, vindo de Santa Comba Dão do Alto, fronteira com a Espanha. Antônio Rocha, que depois viria a ser sogro do seo Aquino, chegou bem antes, para estender os trilhos da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí. O prolongamento dessa linha, de Jundiaí a Campinas, da Companhia Paulista, passou justamente embaixo da ponte preta que deu nome ao segundo clube de futebol mais velho do Brasil.

Dona Rose Marie guarda com carinho e orgulho de “neta coruja”, uma carta-testamento deixada por seo Aquino, falecido em 1969, em que ele relata os primeiros anos de vida da ‘Nega Véia’; o local da primeira reunião; o primeiro campinho cheio de capim barba de bode; os nomes dos primeiros diretores, entre eles o próprio Aquino, como Segundo Secretário. Ele conta que ao ser fundada, a Ponte se chamava “Juvenil Ponte Preta” e que só em 1903 “foi que o nome ‘Juvenil’ desapareceu”. E fala do sumiço de uma caderneta em que tudo isso foi registrado.

Nessa carta, seo Aquino lança um desafio, cuja resposta correta estaria naquela caderneta sumida: “Agora, temos um caso a deslindar, pois já escrevi cartas ao sr. Sérgio José Salvucci, para me dizer quais eram as cores do primeiro uniforme da A. A. Ponte Preta. Ele não me deu resposta certa. Mas não foi branco e preto.”. (O Sérgio Salvucci a que seo Aquino se refere foi um grande jornalista e radialista campineiro, único ser humano a que Deus deu o direito de nascer vestido. E ele nasceu com o uniforme da Ponte Preta…)

Mas para os netos Rose Marie e José Mourão, seo Aquino contou que o primeiro uniforme da Ponte era verde, branco e vermelho, cores da bandeira de Portugal. Afinal, os fundadores da ‘Nega Véia’ eram quase todos lusos ou descendentes da gente da santa terrinha.

Pregado no poste: “E o Guarani, melhorou?”

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