Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

A dúvida

Nem o Ciro Porto nem o cientista Evaristo Miranda resolvem. Falar nisso, licença só um pouquinho. Doutor Evaristo Miranda, recebi do músico Helder Bitencourt Peruch as repostas para suas dúvidas sobre as origens do apelido Macaca, da “Nega Véia”, vulga Ponte Preta, do índio para o Guarani (aquele que caiu e não deu a volta por cima; mas ainda vai cair, de vergonha) e porque o estádio se chama “Brinco de Ouro da Princesa.” Agora, quem está na dúvida sou eu: porque o apelido da “Nega Véia” é “Nega Véia?”.

Diz Helder:

“Com exceção do Santos, acho que fica difícil identificar qualquer mascote. Do Bugre, é em razão da ópera, pô! Da Ponte, não me interessa (então, continuamos sem saber por que a Macaca é símbolo da Macaca…). O estádio quem batizou foi o jornalista João Caetano Monteiro Filho, dando a entender que era o ‘brinco’ que faltava em nossa cidade. Ou seja, o toque final para o embelezamento da ‘Princesa d’Oeste’. Isso foi em 1953. Pode não ser o estádio mais bonito, mas é o nome mais charmoso.”

O Helder é sambista, ex-aluno do Culto à Ciência e da Puccamp, morador na Vila Industrial para sempre e freqüentador do Giovanetti – 1 (será que isso ele também põe no currículo?). Até sugere um pregado no poste: “Bugrino vai ao estádio; ponte-pretano entra em campo”. Isso é com ele.

Voltemos ao doutor Ciro Porto, o maior amigo das andorinhas de Campinas, junto com Ruy Barbosa e a mestra Quinita. Insinuaram uma guerra contra as andorinhas aqui em Araçatuba e por orientação do doutor Evaristo, elas foram salvas. Imagine que queriam cortar todas as árvores da Praça ‘Getúlio Vargas’, “porque, assim, elas não terão onde dormir”.

Dois cientistas americanos e um paulista (o Luiz Vizotto, da Unesp de Rio Preto) estiveram por aqui e defenderam as aves que simbolizam Campinas. Lembraram que cada uma come, por dia, 700 insetos. Já pensou que alívio para a comunidade? Orientaram a manter acesos holofotes sob as árvores, durante a noite, de novembro a junho, que elas migrarão para outros locais, quando chegarem para o verão. Eles calculam que só nessa Praça ‘Getúlio Vargas’ durmam, por noite, 60 mil andorinhas. Quis saber quanto cada andorinha faz de cocô por noite, só para ver quanto elas deixam cair na praça, que ficou só delas, porque ninguém “güenta” passar por ali. Não sabem.

Se tirar as árvores, o calor do sol esquenta os bancos e queima a bunda. Se deixar as árvores, quem senta suja a bunda. Quer dizer, de qualquer jeito, o povo toma… Só há uma solução: mudar o nome da praça. Porque até andorinha gosta de fazer cocô em cima de quem tanto sujou o Brasil.

Pregado no poste: “Dia do Trabalho, mais e mais desempregados na terra do Partido dos Trabalhadores”

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