Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

A árvore e os mestres

O Correio da antevéspera do Natal do ano passado só me chegou ontem. Felizmente, trouxe uma boa notícia — como um presente — em meio à do recorde de assassinatos nesta cidade; às ilusões do secretário de Segurança Pública (quer enganar a quem?); à da “caixinha” de afilhados em defesa do seo Pagano; ou a da extinção do Departamento de Medicina Legal da Unicamp (demoliram um hospital porque ele só tinha doentes ou uma creche, porque as crianças estavam com febre). E olha que a boa nova não era o título do Corinthians nem a decisão da Justiça em manter (pelo menos um) acusado de tráfico na cadeia. A feliz notícia está na página 2, na seção das pessoas mais importantes do jornal: os leitores.
Nela, o vereador e jornalista (como poucos) Romeu Santini anuncia a aprovação de um projeto de sua autoria que homenageia dois grandes mestres de Campinas, perpetuando suas presenças com o nome de ruas da nossa cidade. O Romeu, velho companheiro e mestre dos tempos da sucursal campineira do Estadão, me emocionou. Ele conseguiu sensibilizar seus pares para que os professores Benedito Mezzacapa, de Educação Física, e João Batista Amade, de Matemática, falecidos recentemente, entrem, definitivamente, nos caminhos da nossa gente.
Quem sabe nossa terra seja menos infeliz daqui para a frente se, cada vez mais, os professores, que Deus chamou para lecionar no Céu, tiverem seus nomes nas ruas. Ninguém é mais importante para uma comunidade do que a professora e o professor. Eles são os primeiros a quem confiamos nossos filhos.
Explorando um pouquinho mais a boa vontade do Romeu, vamos ver se ele consegue outra façanha: aprovar uma projeto que exija o replantio de um alecrim (pelo menos um) no Largo da Catedral. Assim como os professores são as pessoas mais importantes de uma comunidade, nenhum homem é mais importante do que a árvore que ele mata (ou manda matar). Tomara que o Romeu, com o poder que o povo deu a ele, possa devolver aos campineiros a beleza, a sombra e o abrigo da nossa árvore um dia assassinada.
Pregado no poste: “O senhor deixa, padre Ambiel?”

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