Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Vaca, galo, porco…

Quando prefeito era nomeado, para estâncias e municípios tidos de segurança nacional, houve um aqui perto que era um ‘batuta’, como chamavam os banqueiros de jogo de bicho. Um dia, o general Emílio Médici e sua ditadura vinham para aquela cidade e acharam que não ficava bem o ditador aparecer ao lado do bicheiro. (Cá entre nós, acho até hoje que não ficava bem o bicheiro ao lado do ditador. Em todo caso…). Para evitar o encontro triunfal, disseram para o ‘batuta’:

— Dia tal o presidente vem aí e o senhor marca uma internação na Casa de Saúde de Campinas, alegando que uma crise renal “lamentável” o impede de estar na cerimônia. Como se trata de rim, haverá cerveja para todos os seus cambistas no hospital. Combinado?

Para não ter de se encontrar com aquilo, até cerveja sem gelo vai bem.

O prefeito bicheiro era nomeado, portanto não eleito e não tinha número, como hoje. (Gozado, o governador que o nomeou, Laudo Natel, não seria cúmplice?). Se tivesse número, que bicho seria? Gordinho, baixinho e meio careca como quase todo ‘batuta’. Mas não andava de terno de linho branco, chapéu claro nem correntes no pescoço e nos pulsos.

Aproveite o horário político (enquanto seu estômago resistir) e tente encontrar um pinguinho de coerência, pelo menos entre a cara do candidato e o número dele. Se houver inspiração entre a cara e o bicho, pode ser um bom (ou único) começo.

Não entendo nada de bicho, daí, recorri ao ‘gugol’ e lá está assim: finais 1 a 4 (avestruz); 5 a 8 (águia); 9 a 12 (burro ou mula); 13 a 16 (brabuleta); 17 a 20 (cadela); 21 a 24 (cabra ou bode); 25 a 28 (áries); 29 a 32 (dromedário); 33 a 36 (serpente); 37 a 40 (coelha ou coelho); 41 a 44 (cavalo ou égua); 45 a 48 (elefante ou elafanta); 49 a 52 (galinha ou galo); 53 a 56 (gata ou gato; gatuno, até prova em contrário, não); 57 a 60 (jacaré); 61 a 64 (leoa e leão); 65 a 68 (macaca e macaco); 69 a 72 (porca e porco); 73 a 76 (pavão e pavona); 77 a 80 (perua e peru); 81 a 84 (porca e porco); 85 a 88 (tigresa e tigre); 89 a 98 (urso e ursa); 93 a 96 (veado e… veada?); 97 a 00 (vaca).

Agora, como se sabe, se ele tem ficha suja, azar o seu. No Rio de Janeiro, por exemplo, há 100 candidatos a vereador acusados de homicidas (em Campinas, há algum candidato a homicida acusado de ser vereador?).

E tome cuidado se um deles tiver estes números: 176761; 176671; 176 167; 176 617; 176176; 176716. Esses são os números de identificação dos Irmãos Metralha (brrr!)

Pregado no poste: “Estatal é tão ruim, que até cárcere privado é melhor”

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