Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Tá dominado!

Se o governo liberar o consumo de drogas, como faremos para conversar com alguém? Perguntar antes: você está drogado ou em estado normal? Teremos o direito de saber de um compositor se os versos ou a melodia daquela música nasceram com a ajuda de maconha, cocaína, heroína, haxixe… Essa informação virá na capa do disco, assim: “as faixas 3, 7, 9, 10 e 11 foram sob efeito da erva (agora) bendita; as 2, 6, e 8 vieram do pó, mas ao pó jamais voltarão, enquanto as demais tiveram inspiração de crack , e o maxixe, de haxixe”.

Puts! Será que ninguém mais terá condições de compor, tocar ou cantar de cara limpa? Pintores e escultores terão de desenhar folhas de maconha, ópio ou coca no canto da tela ou na base da escultura, para indicar a origem da obra? Qual valerá mais no mercado de arte, nos leilões? As realizadas por artistas drogados ou sóbrios? Você entraria num prédio concebido por arquitetos viciados e erguido por engenheiros idem? No hall de entrada de edifícios, palácios ou estádios teremos o direito de saber o entorpecente da preferência do autor, estampados em uma placa? Que droga ilustrará primeiro as cédulas do Real?

Antes de entrar em cirurgia ou simplesmente tratar dos dentes, você terá o direito de saber se o médico ou o dentista está sob o efeito de drogas? Será politicamente correto fazer essa pergunta? Comandantes de aviões e motoristas de táxis ou de ônibus poderão passar por um teste, assim como o do bafômetro, para o passageiro sentir que risco tem de morrer na viagem?

Na hora de sustentar a famosa “palavra de honra”, a expressão poderá vir acompanhada de “palavra de honra de um maconheiro”?. Já imaginou um narrador de futebol maconhado? Dá para confiar no resultado do jogo? Depois que um escritor terminar um livro sob o domínio da droga, será que ele sustenta tudo se ler em estado normal o que escreveu. Aquele ex-presidente que disse “esqueçam-se de tudo o que eu escrevi”, hoje, defende as drogas e afirma que elas são tão necessárias quanto o sexo. E o que diz que “não sabia”? Lulla usou colar de folhas de coca — ela será colocada ao lado das do tabaco no brasão de armas da República?

Antes de liberar mais essa arma mortal, as “otoridades” precisam saber se o tráfico vai deixar. Afinal, ele é quem comanda tudo, até dos presídios transformados em estratégicas, seguras e oportunas centrais de operação. Quem quer abrir mão do negócio que, segundo a ONU, fatura por ano US$ 320 bilhões, num mercado de 200 milhões de vítimas (5% da população mundial entre 15 e 64 anos)?

Pregado no poste: “Use drogas e ajude um traficante a matar você!”

 

 

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