Sou mais nós
Ruy Barbosa costumava pregar: “Seja patriota, prefira o que é brasileiro.”. Nem sempre dá certo. Outro dia, a revista americana ‘BusineesWeek’ anunciou as marcas mais valiosas do mundo: Coca-Cola (US$ 68,9 bilhões), Microsoft (65,1), IBM (52,8), GE (42,4), Nokia (35), Intel (34,7), Disney (32,6), Ford (30,1), McDonald’s (25,3) e AT&T (22,8).
Pois eu não troco nenhuma delas pelo Castelo, pela Catedral (mesmo sem o Alecrim, e com o padre Karam!), pelo Instituto Agronômico e o doutor Alcides Carvalho. Aquelas marcas nem se comparam ao Boldrini e ao Corsini, ao Bosque e seus jequitibás, ao Café Regina e ao Giovanetti. O que vale mais, aquelas coisas ou a nossa Basílica do Carmo e o padre Geraldão? Imagine abrir mão do Mercadão e da saudade do seo Pachola por essas modernagens!
Falar em saudade, o Palácio dos Jequitibás e uma conversa com o Grama, à sombra do seo Rosa. Sousas, o Regatas, o Tênis, o Cultura, o Concórdia. Nem me lembro daquelas coisas. O Correio Popular e sua sirene, o Diário do Povo, há tantos anos com a gente! Essa nossa gente, há tantos anos aprendendo com a dona Célia Farjallat e com o professor Celso Maria de Mello Pupo; com o Culto à Ciência e a Escola Normal… Essa nossa gente bem mereceria ter de volta a Rádio Brasil com o Sérgio Salvucci, a Educadora com o Lombardi Neto e a Cultura com Zito Palhares…
Encontrar na Barão de Jaguara o Zaiman, o Walter Paradella, o Roberto Godoy, o Walter Belenzani. Sentir as dores e as alegrias da Ponte e do Guarani… Pedir a benção ao maestro Carlos Gomes e reverenciar nossos soldados constitucionalistas, lá no Mausoléu da Saudade. Ouvir a Banda Carlos Gomes no coreto; passear de bonde; ver Carlito Maia, de Cristo ou Tiradentes, no Teatro; falar “Ó” para o Mané; beijar a Gilda na porta do Ouro Verde ou ir à “gazetinha” do Carlos Gomes só para trocar gibis; dar um pulo na Paraguaia ou um dedo de prosa com monsenhor Salim e Zeferino Vaz, semeadores da Puccamp e da Unicamp.
Aquelas marcas podem valer todo o dinheiro do mundo, podem estar na memória de muitos, mas todo o dinheiro do mundo não compra nossa ventura de campineiros. Essa é a nossa marca, a mais gostosa do mundo.
Pregado no poste: “Tá com inveja?”
19/08/2001