Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Por trás?

Não é possível. Algo existe por trás disso. A ilustríssima senhora eleita fez exatamente 190 promessas durante a campanha – duas das quatro maiores chagas do Brasil são olimpicamente ignoradas, como se não existissem a expansão metastática do tráfico de drogas, que governa de fato pontos estratégicos das grandes, médias e pequenas cidades, e a conduta de políticos que enxovalham até a identidade nacional. Sem falar na educação, prometida com os mesmos ideais — repetidos desde Tomé de Souza – e que hoje, como acabamos de ver, os responsáveis por ela já não sabem nem preparar uma prova. Quem não consegue elaborar um exame para estudantes que moral tem para cobrar eficiência deles?

Sobre as drogas, a única promessa está na saúde: tratar os dependentes de crack. Ou seja, tentar contornar as conseqüências, cada vez maiores, porque faltam coragem e competência para combater a causa. É um horror: os causadores são mais fortes do que o poder. O poder precisa pedir licença para subir os morros, entrar em favelas, policiar as estivas e aduanas, como se a droga fosse produzida nesses lugares.  Ou se os donos do negócio mais lucrativo do país fossem esses intermediários.

Esse poder é tão mais forte, que durante a campanha, os candidatos à final da disputa nem abriram o bico nem racharam o botox. O que é? Medo ou acordo para que os narcotraficantes bolivianos não detonem os gasodutos e as bases da Petrobras? Que as Farc denunciem seus colaboradores brasileiros? Alguns foram até homenageados aqui em Ribeirão Preto, na Câmara Municipal! Será medo de que criminosos paraguaios tomem Itaipu? Agora, podem estar negociando entre si as cortinas de fumaça para os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo.

O que é? Pelo amor de Deus, digam! Desculpem-me: confessem.

Que futuro tem esta Campinas depois de conhecermos as reportagens do “Correio Popular” sobre a facilidade com que se compra droga a céu aberto em qualquer ponto da cidade? Em breve, ela será apregoada por camelôs, nas feiras-livres e nos mercados, até com ofertas anunciadas na TV, com slogans, como já acontece em certas ruas de Ribeirão Preto, aos berros: “Cincão tá na mão!”. A polícia diz que não pode fazer nada, porque o vendedor não cita o nome de nenhuma droga sem seu pregão, o que poderia incriminá-lo. O que será que ele vende por cincão, então? O futuro dos cidadãos? Pelo desdém das “otoridades”, cincão já está muito caro.

Pregado no poste: “Nova cartilha: em vez de be-a-ba, ce-o-co, ce-a-ca”

 

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