Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

População zero

O que aconteceria se o ser humano desaparecesse da face da terra? Não se trata de saber como o homem pode sumir daqui. Isso já é possível. Somos a primeira geração capaz de se auto-exterminar. No primeiro dia sem gente, as luzes começariam a se apagar ao redor da Terra. Usinas térmicas, hidrelétricas, eólicas ou nucleares só continuariam a gerar energia enquanto o combustível continuasse queimando. Sem alguém para fornecer combustível, as nucleares durariam dois anos; mas sem consumo, entrariam em modo de segurança em dois dias. A escuridão já dominará a segunda noite.

O mundo sem ninguém é um lugar belo e riquíssimo, apenas sem o que o homem construiu. Sua “obra” será destruída pela volta da natureza, mostrando que o que o homem faz não tem valor algum para a vida, nem dos vegetais nem dos animais. Se algumas de nossas maiores estruturas já sumiram em menos de cem anos, haverá alguma esperança de que nossa civilização deixe uma marca permanente após desaparecer?

“A natureza é muito mais forte do que imaginamos. Sem o homem, ela florescerá, a vida continuará a se perpetuar e seu legado continuará para sempre.

Em arranha-céus, algumas vidraças começam a rachar e a se soltar das armações. Depois de 25 anos, expostos ao calor e à umidade, sem manutenção, os seladores das janelas endurecem, prendendo os vidros na armação. Com as mudanças de temperatura, as armações de metal se expandem e se contraem, pressionando os vidros, que racham e caem. Através destes buracos, o edifício se enche de entulho trazido pelo vento.

No topo dos edifícios, as hastes de cobre dos pára-raios estão corroídas e inutilizadas. Um raio, um incêndio. O antigo edifício se transforma num hábitat ideal para um inesperado sobrevivente – apesar de os pombos dependerem das migalhas deixadas por humanos, eles sobreviveram muito bem em 25 anos sem pessoas. O fim dos seres humanos também mudaria os hábitos da odiada barata. Elas já têm 300 milhões de anos e, sem restos de comida e esgotos, vão comer papelão, livros e qualquer matéria orgânica em decomposição.”

Senhores professores, senhoras professoras, esses são trechos de um documentário belíssimo, transmitido por um canal chamado “History Channel”. Uma lição sobre a importância da preservação da natureza, porque sem ela, o mundo será sem ninguém. Se ainda não houver em DVD, entrem no Youtube e sintam como é fascinante uma boa televisão.”

Pregado no poste: “Mas a gente já se contenta com um mundo sem políticos…”

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