Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

E vamos nós…

Não vi a obra, mas conheço o autor. Quer fazer uma bela viagem a Campinas? O caminho é Rua Padre Almeida, 167, Cambuí, no Paparazzi Pizza Bar. Dali vão levá-lo a doze lugares da cidade que você nunca viu ou nem conhece mais. Quer um exemplo? A Rua Treze de Maio. Não parece, mas ali existiu, importante e demolido, nosso Teatro Municipal Carlos Gomes. E por ela vinham os bondes 5, Estação, e 9, Botafogo, lotado de alunos do Colégio Culto à Ciência, felizes e se divertindo com seu Vignatti, o cobrador. Antes de entrar na Francisco Glicério, olhe à direita, e veja o belo alecrim dando alma à Catedral. Mataram.

Outra viagem é ao Viaduto Miguel Cury, inaugurado em 1961. Talvez apareçam ônibus do Expresso Brasileiro, do seo Heitor Beltrão, e do Cometa, do Papa e do João Havelange, chegando de São Paulo. Por baixo, o trem de luxo, a caminho do “interior”, e o jardim, com o relógio de sol do engenheiro Costallat.

Mais um passeio: o largo do Rosário, com a bela igreja do… Rosário e o ‘abrigo’ dos bondes. Aproveite e desafie o ‘índio’ para testar sua força. Será que ainda restam o Palácio da Justiça, o restaurante Rosário, o Éden Bar e o Giovanetti. O Di Lácio está lá? E a Ezequiel? Ouça: é o Sérgio Batista, no balcão da Supergasbras, inundando o ar da cidade: “Ooonze horaaas! Nos Degraus do Sucesso. Primeiro lugar da semana, ‘Volta por cima’, Noite Ilustrada defende sua gravação!” Puts!

Lá no fundo, a igreja do Carmo, antes de ser basílica, quando ainda a chamavam de “Matriz Velha” e os relógios das torres batiam a mesma hora duas vezes, uma para acertar o patacão do seo Bento Quirino, e outra, o do seo César Bierrenbach. E lá na frente do Ponto Chic e do Jóquei, o monumento dedicado ao maestro. Feche os ouvidos, porque a orquestra da secretaria de ‘cultura’ deve estar homenageando Vivaldi, Ravel, Wagner… – parecem adorar Wagner nem sabem por que… Deixe, que um dia o maestro saberá onde colocar aquela batuta. E nós vamos rir, felizes outra vez.

São doze destinos e o palco da sua imaginação será enriquecido por doze fotografias de um grande amante destas Campinas de verdade, o Gilberto De Biasi. De terça a domingo, depois das oito da noite, até o dia 31. Ou vai ficar em casa, vendo a imundície de Brasília no Jornal Nacional; o Ratinho faturando com a desgraça dos outros; falsos pastores pedindo dinheiro (para eles)…? TV de graça? Nem paga. TV paga? Nem de graça. Mas a exposição de fotos do De Biasi é de graça e tem graça.

Pregado no poste: “Alguém se arrisca a ser vice da dona Izalene?”

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