Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

A solução

(Antes desta nossa conversa, se você não leu, quero repetir as sábias plavras e o mais puro sentimento d’alma do  caipiraciabano Cecílio Elias Neto que, mesmo tão longe, de nós distante, também sofre por Campinas: “Tristes, nós. Um povo e uma cidade se apequenam quando deixam morrer um circo. Ficamos menores. Por que Campinas, aceitando tantos circos e tantos palhaços outros, deixou o Circo Garcia ir-se? Circos e palhaços que ficaram não têm graça.” Puts!)

Agora o ‘causo’, passado lá pelas bandas da Vila Nova (quando ainda era nova):

Ela teve duas filhas e seis filhos, todos nascidos entre os anos vintes e trintas. Elas, não sei, mas eles eram dois corinthianos, dois são-paulinos e dois palmeirenses. Todos bugrinos, menos um, que morreu no dia em que a Prudentina não deixou a Macaca voltar. Não foi desgosto, mas “revolta”, como rabiscou no bilhete deixado à família. Prova de que naquele tempo já se matava e se suicidava por futebol.

Eles eram do comércio, menos um, que se meteu com as primeiras empreiteiras. Elas, bem casadas, com maridos também do comércio. Depois de todos já pais dos netos que deram à matriarca, vida estabilizada, começaram as fofocas. O “disse-me-disse”, como cantava Elisete Cardoso. O alvo, um dos filhos, posto que os genros eram poços de virtude, embora se escondessem quando mais pareciam poços de ressaca.

Mesmo quando os filhos ainda adolesciam, ela era a mais “moderninha” da família. Fã de Dercy Gonçalves, imagine! Leu, gostou e deu a cada um dos fihos um exemplar do então escandoloso “A Carne”, do Júlio Ribeiro, com dedicatória: “A vida pode ser assim, mas sua vida é você quem vive. Beijo.” Sabia que a vizinha tinha uma filha que mais parecia um filho e vice-versa. E consolava a mulher, que não entendia aquilo: “Ela está bem casada com aquela moça lá na França… E ele é feliz com aquele moço… Então, o que a senhora quer mais?”

Foi quando uma das noras não agüentou e procurou a sogra:

— A senhora me desculpe dizer isso, mas o Alfredo tem outra.

— Tonta! Sabe o que você faz? Arruma outro você também, bobona! Mas pode deixar que eu mesma falo com ele.

E falou, num começo de noite, quando ele passou pela casa da mãe:

— Você está com outra, enganando a Veridiana Paula. Não minta, que eu sei.

Dias depois, a nora quis saber o resultado da conversa – afinal, o marido andava tão carinhoso, gentil, outro homem. E ouviu da sogra:

— Eu disse para ele que você tem outro…

Pregado no poste: “Direita, devolver!”

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