Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

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Previsões do passado

O que acontecerá no ano que começa amanhã?

Em Campinas, a Câmara Municipal cederá parte de um terreno da cidade para erguer um monumento a um ilustre campineiro.

Novo tipo de café será lançado no mercado.

Os deficientes auditivos ganharão um aparelho revolucionário.

Secretárias, escritores, jornalistas – até cronistas… – também terão à disposição novo instrumento de escrita, mais rápido do que o pensamento.

Para as donas de casa, o fim de um martírio para a limpeza do lar.

A Gillette lançará outro aparelho de barbear, capaz de escanhoar, sem ferir nem sangrar. Basta uma passada. E não será o “Mach 4”.

Depois de décadas de soberania, uma rainha vai morrer já no primeiro mês do ano novo. Dez dias depois, um compositor muito querido do povo também morrerá.

Não é uma novidade, mas os EUA vão arrendar um estado brasileiro. Também não é novidade: o presidente americano sofrerá um atentado.

Todos esses fatos aconteceram em 1901; mas cem, anos depois, podem se repetir. Afinal…

… nossa Câmara Municipal bem que poderia usar o terreno em frente à Catedral para plantar um Alecrim de Campinas, como há cem anos usou a Praça Bento Quirino para erguer o monumento a Carlos Gomes.

… pode ser que o novo aparelho para a surdez seja estereofônico, mas há um século chegava o elétrico, para alívio dos surdos.

… hoje pode ser anunciado um café dietético, tão ruim como o solúvel de cem anos atrás.

… a novidade na escrita deverá ser o “falascreve”, preconizado por George Orwell, em “1984”; mas em 1901, veio a máquina de escrever elétrica.

… agora, pode ser a volta do “Vaporetto” com aroma de hortelã; contudo, há cem anos, chegava o aspirador de pó.

… um novo barbeador talvez seja capaz de funcionar sem lâmina nem espuma, mas o primeiro com lâmina veio em 1901, para aposentar a navalha.

… vamos deixar a rainha Elizabeth em paz: quem morreu foi a Vitória e o compositor, Giuseppe Verdi.

… há cem anos, os EUA arrendaram o Acre, agora, poderão arrendar o que falta. Se é que falta.

… em 1901, gente daquele povo matou o presidente William McKinley – até então, já era o terceiro assassinado no cargo. Te cuida Bush!

Pregado no poste: “Seo Pagano, vou me esquecer do prefeito e me lembrar sempre do deputado federal. Felicidades.”

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