Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Allons enfants!

Esta nossa conversa termina terça-feira, na incrível aventura de franceses exilados em Campinas, depois que o general De Gaulle deu a independência para a Argélia e mandou os descontentes catar coquinhos. Vieram, e o jornalista Mário Alberto, campineiro da gema, cidadão do mundo, vai nos contar como foi. Combinado? Agora, de aperitivo, o festival dos slogans que marcaram a revolta estudantil de maio de 68, em Paris. Ilusões…

O sonho é realidade.

As reservas impostas ao prazer excitam o prazer de viver sem reservas.

Sejamos cruéis!

Tenho algo a dizer, mas não sei o quê.

Todo poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente.

O agressor não é aquele que se revolta, mas o que afirma.

Ser livre em 1968 e participar.

Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não.

Nós somos ratos (talvez) e mordemos.

Não me libertem, eu encarrego-me disso.

A poesia está na rua.

Façam amor e recomecem.

Gozem sem entraves. Vivam sem tempos mortos. Transem sem cenouras.

A ação não deve ser uma reação, mas uma criação.

Corre camarada, o velho mundo está atrás de ti!

A vontade geral contra a vontade do general.

A Revolução tem de deixar de ser para existir.

Abram vossos cérebros tantas vezes como a braguilha.

E se queimássemos a Sorbonne?

É proibido proibir.

Quando a Assembléia Nacional se transforma num teatro burguês, todos os teatros burgueses devem transformar-se em assembléias nacionais.

Sejamos realistas, exijamos o impossível.

O álcool mata. Tomem LSD.

A liberdade é o crime que contém todos os crimes. É a nossa arma absoluta!

Abramos as postas dos asilos, das prisões e outras faculdades.

A barricada fecha a rua, mas abre o caminho.

Trabalhador, tu tens 25 anos, mas teu sindicato é do outro século. Para mudar isso, vem ver-nos.

Não reivindicaremos nada; não pediremos nada. Conquistaremos. Ocuparemos.

Tomem os vossos desejos pela realidade.

Não é o homem, mas o mundo que se tornou anormal.

Enfureçam-se!

A arte morreu. Não consumam o seu cadáver!

Quanto mais faço amor, mais vontade tenho de fazer a Revolução. Quanto mais faço a Revolução, mais vontade tenho de fazer amor.

Violem vossa Alma Mater.

A sociedade é uma flor carnívora.

O poder tinha as universidades; os estudantes tomaram-nas. O poder tinha as fábricas; os trabalhadores tomaram-nas. O poder tinha as rádios, os jornais e a televisão; os jornalistas tomaram-na. O poder tem o poder; tomemo-lo.

Não é uma revolução, senhor; é uma mutação.

Não vão à Grécia neste verão, fiquem na Sorbonne.

A Humanidade só será feliz quando o último capitalista for enforcado nas tripas do último esquerdista.

Não consumamos Marx.

Pregado no poste: “Sabe o que aconteceu? Nada!”

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