Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Enfim, iguais

O Guarani lutou, lutou, lutou… Passou mais de meio século lutando, e finalmente conseguiu fazer igual à Ponte Preta: caiu para a segunda divisão. Foi difícil, muito difícil. A Macaca consegue cair com mais facilidade. Agora os dois têm histórias parecidas para contar. Inacreditável essa queda do Bugre – uma façanha que nem Beto Zini foi capaz de realizar. Sei não, mas acho, também, que a semente da decadência foi plantada por ele. O Guarani não caiu de uma hora para outra nem foi pelas mãos do Carlos Alberto Silva – mas, tragicamente, ele acaba de marcar sua história como o técnico que esteve à frente da maior glória e da maior humilhação. Vamos agüentar as brincadeiras com espírito esportivo, posto que a distância que nos separa ainda é imensa.

Agora, o melhor caminho é manter a humildade, disputar a segunda divisão com classe e lutar para voltar, jogando futebol, vencendo os adversários e fugindo de qualquer tentativa de eventuais propostas nascidas em tapetões.  Enfim, ser diferente de um certo clube, que em 1951 entrou na divisão principal pela porta dos fundos, por uma deferência toda especial de um influente presidente do Corinthians. Em troca, passou anos perdendo sempre para o Corinthians.

Graças ao Guarani, Campinas voltará receber a vista de moradores de Paraguaçu Paulista, Itu, São José do Rio Preto, Arçatuba, Ribeirão Preto, Jundiaí, Franca, Olímpia, São Carlos, Mirassol, São José dos Campos… Uma gente simpática, que acompanha seus times e não vinha pra Campinas desde os tempos em que a Ponte estava na mesma classe deles. Mas será que a torcida do Guarani (grande, mas ausente), acostumada a freqüentar Morumbi, Pacaembu, Parque Antarctica, Santa Cruz, está disposta a viajar pelo “interior”, comer coxinha e tomar garapa em beira de estrada, para empurrar o Bugre de volta?

Nisso, temos muito a aprender com os pontepretanos. É essa disposição – ou a falta dela – que dá medo. Será que os bugrinos agüentamos passar por todas as agruras que a Ponte está acostumada a passar? Ela sabe cair e voltar. O Guarani sabe subir?

Pregado no poste: “Ser finalista do Paulistão é fácil. Difícil é vencer o Bugre.”

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