Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Urna não é penico

Claro que dá para fazer justiça pelas próprias mãos! É a melhor das justiças, tem sabor todo especial, mais acentuado e inesquecível do que a da pecaminosa vingança. Justiça pelas próprias mãos é a cometida com fé e vontade contra aqueles que praticam injustiça contra a fé e a vontade do povo. Depois, é uma delícia, prazer indescritível, fazer justiça com as próprias mãos e ver o “justiçado” chorando, lamentando, mas arrependido… jamais! A vergonha, a indignação e o remorso, infelizmente, não chegam a tanto.

Está na hora de fazermos justiça pelas próprias mãos. Repare bem, quando você sair de casa hoje. Existem nomes de quem você conhece, já viu, já ouviu falar ou nunca soube quem é, sujando os muros, paredes e sarjetas da cidade. Como eles adoram as sarjetas! Não se incomodam; o nome deles também está em latas de lixo. Em papéis colados em postes, tapumes e até…  Duvida? Vá a um banheiro público e encontrará cartazes no lugar do papel higiênico. Como não se preocupam com a própria honra, enfiam o próprio nome em qualquer lugar, porque para eles, todo lugar é próprio para enfiar o nome.

Quem nunca trabalhou em rádio ou TV compra um programa de “atendimento das necessidades da nossa população sofrida”. Outros já estão ali faz tempo, usando câmera e microfone para fazer negócio, não para cumprir a missão sacrossanta de informar, entreter e ensinar. Outros serão vistos onde nunca apareceram: velório de desconhecidos, missas do sétimo ao trigésimo dia, batizados, casamentos, enterros, bodas de bronze, prata e ouro – se bobear, sobem numa cadeira pensando que é pódio ou no altar, como palanque. Alguns passam o dia na porta dos cemitérios e acompanham todo os féretros. Com tamanha cara de pau, ainda saem abraçados a viúvas e órfãos. (Ou como aquela que, no enterro do Grama, ficou na calçada distribuindo adeusinhos e sorrisinhos aos que sofriam a perda do grande campineiro a caminho da sepultura.)

Nas arquibancadas de campos e quadras, ficam na ponta, comprando todos os saquinhos de amendoim e pipoca, sorvete e pirulito, para depois “oferecer” aos torcedores. Réguas para as crianças, chaveiros para os marmanjos, bonés para os pobres, camisetas para todos os trouxas, bolas cheias para quem tem cabeça vazia e pares de chinelos para os mendigos ou pés-de-chinelo de gravata vão contaminar ainda mais a vida de Campinas. Estão enganando você. Covardes, não têm coragem de dizer que são candidatos, mas hoje driblam a lei, para driblar você, quando estiverem no Poder.

Anote cada nome que você vir por aí sujando seu caminho. Guarde bem a caras desses “darlenes” da vida pública. Não se esqueça, jamais, de que por causa deles Campinas está a poucos reais de subir ao pódio onde São Paulo é medalha de ouro; Rio, a de prata, e Salvador, a de bronze da dívida pública do País. Eles fazem a dívida e quem paga somos nós.

Pregado no poste: “Se minha mãe se candidatasse assim, eu preferia ser filho da… outra”

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