Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Um brinde, maestro!

Finalmente! Tirando a página do Museu Carlos Gomes, do nosso Centro de Ciências Letras e Artes, há de tudo sobre Carlos Gomes na Internet, menos sua biografia completa. Qualquer xará do maestro usa e abusa para exibir na rede seus negócios (não os do maestro, claro, e ‘seus negócios’, no bom sentido).

Ali se compram e se vendem jogos eletrônicos, videokê, ovos de Páscoa; informações sobre o tal de Ratinho; skates, bicicletas, pranchas de surf; fotos de gente pelada; aulas de pegadinhas, axé, futebol e pagode; piadas; cursos de remo, futebol de salão e musculação; clínica de operação plástica; telefonia… Há até dados inesperados, como informações sobre a “Turma Maestro Carlos Gomes”, dos formandos da Academia Militar das Agulhas Negras; uma ou outra página em que ele está acompanhado de Vivaldi, Beethoven, Mozart, Carl Orff, Chopin… E uma infinidade de escolas, teatros e conservatórios que homenageiam o Tonico de Campinas.

Semana passada, o “Caderno C” trouxe duas novidades sobre este primeiro brasileiro famoso no mundo inteiro: o livro do professor Lorenzo Mammi, da USP, e a inauguração do bar temático “Tonico’s Boteco” em homenagem ao músico, na Barão de Jaguara, apropriadamente vigiado e abençoado pela estátua. “Onde era a Cervejaria Continental!”, tenta me refrescar a memória a repórter Adriana Giachini (Se bem que quando deixei a terra, ali não havia nem cervejaria nem continental. Pelo jeito, era a loja do Bufarah ou da Eletrorádio… Ou o consultório do dr. Manuel Dias, entre a redação do extinto Jornal de Campinas e a Casa Otranto.)

Claro, nem o livro nem o bar estão na Internet. O novo boteco é iniciativa do Paulo Henrique de Oliveira e, pela descrição da Adriana, um lugar interessante em Campinas, diferente. E milagre!, homenageando alguém que tem tudo a ver com a nossa alma musical, honrou nossa terra e nossa gente, maravilhou o mundo e é mais respeitado e conhecido lá fora do que aqui. Assim como acontece com um amigo e contemporâneo do Tonico, o Santos Dumont. Foi ali, bem na frente desse novo bar: ninguém teve coragem de fazer a oração de lançamento da pedra-fundamental do monumento-túmulo. Dumont tomou a frente e falou o que devia. (A República era muito nova, Tonico monarquista e ninguém se arriscou. É isso.).

Paulo Henrique, não ponha o bar na Internet. Quem se interessa por Ratinho, axé e pagode, nunca chegará a Carlos Gomes.

Pregado no poste: “Político não faz greve porque não faz falta”

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