Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Tudo chute

Chefe de reportagem pensa que dorme e chega a fingir que é notícia o sonho que deveras sonha. Fernando Pessoa à parte, o jornalista Hélio Pelissari, do jornal “A Cidade”, cá de Ribeirão, começou a sonhar – ou a voar, sei lá – cada vez mais alto, píssico, com epêntese e hiperbibasmo, em busca do que teria derrubado esse aerobus da Air France.

Nem fofoca de artista dá mais especulação do que causa de queda de avião. Há quase meio século (1961) caiu um Comet – 4 da Aerolíneas Argentinas, assim que decolou de Viracopos. Até hoje não se sabe o motivo. O Renato Otranto fugiu com um pedaço da fuselagem escondido no boné – vai que a razão da tragédia esteja naquela peça…

O jato da Varig que caiu em Orly, em l973, levando nosso Agostinho dos Santos, estaria transportando cilindros de carga do Mirage – procedimento proibido. Para safar todo mundo, inventaram que alguém fumou no banheiro e não pisou direito na bituca. O Jumbo cargueiro da mesma Varig que sumiu em cima do Mar do Japão, em 1979, trazendo o acervo do pintor japonês Manabu Mabe foi abatido por um míssil soviético? É o que diziam. Juram até que um tripulante foi deixado num arquipélago com belas mulheres e nunca mais quis saber de voar.

Em 80 e pouco, um 737 da Vasp espatifou-se com 80 e poucos passageiros numa serra do Ceará. Versão mais aceita e menos provada: pacto suicida do comandante com sua amante, cujo marido os esperava no saguão do aeroporto de Fortaleza, armado para matar os dois.

O Helinho já deixou de lado passarinhos, urubus e pombos, posto que em alto mar nem pulga dá. Mas diz que naquele dia, as concessionárias de telefone foram forçadas a desligar suas torres para blindar o Bill Clinton, que visitava o Brasil. Por isso, a torre de Recife perdeu o contato com a aeronave. Sou testemunha: no WTC, em S. Paulo, onde estava o Bill, não entrava nem celular de brinquedo.

A cabeça do Hélio não pára de voar: raios, atentado, carga explosiva, curva reversa, turbulência, pane elétrica… Tudo isso em meio ao cúmulo especulativo: como foram os 14, 12 ou quatro minutos de agonia dos passageiros antes da morte?

Pegado no poste: “Menos perigoso do que avião, só elevador”

 

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