Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Todos cantam a terra

“Devemos sentir além dos cinco sentidos; enxergar mais do que os olhos vêem; olhar com sensibilidade; caminhar por Campinas prestando atenção às pequenas coisas. È um prazer perceber e sentir aquela cidade meio escondida. Alguém já viu uma paineira com flores brancas? Pois até ano passado, eu nunca tinha visto, e lá está ela, numa pracinha na Rua Abolição, abaixo do Cemitério da Saudade. Esperar pelo inverno e assistir ao espetáculo dos ipês rosa e roxo. A Coronel Quirino vira um dos caminhos preferidos. Vá ao centro histórico e veja a beleza do casario antigo. Procure além das placas e logotipos que poluem as fachadas. Olhe com atenção a Catedral e a suntuosidade daquele templo, que assiste há mais de um século a tantas mudanças e andaças pela cidade. Fique  ao lado do nosso maestro Carlos Gomes e admire a Praça Antônio Pompeo, o prédio do Jockey Clube Campineiro, a Basílica do Carmo ao fundo, — é dos lugares mais bonitos da Campinas antiga. Caminhar logo de manhã pela Lagoa do Taquaral e extasiar-se com a água dourada pelo sol que ainda está chegando. Nesta hora, esqueço a poluição e o mato crescendo alto — vejo só a beleza do momento. Nestes dias, tenho reparado num bando de andorinhas, que à tardezinha voam pra cá e pra lá, em balé em frente da minha sacada. Só de passagem ou escolheram Campinas de novo? Sábias.”. Regina Trinca

“Resolvi sair do anonimato de um milhão de habitantes para participar minha tristeza. Nasci á 31 anos na Maternidade de Campinas. Assim, Campineira até o osso, vou defendê-la até morrer. Hoje, a primeira página do ‘Correio Popular’ mostra a má educação dos campineiros ao descartar lixo na rua. Ora! Campineiro que é campineiro não joga lixo nos caminhos. Aqui em casa,
meus quatro campineirinhos (12, 10, 6 e 4) sabem que não podem sujar nossa terra. A pequena segura aqueles papeizinhos miudinhos da bala até chegarmos em casa e jogar no lixo. Aqui, deveríamos ter cotas de campineiros nas nossas universidades. Giselle Martins

“1983: o ‘Joga a Chave’ já não era o mesmo, mas ainda abrigava algumas moças, digamos, mais liberais. Ao passar pela Conceição, naquela quadra, por volta das nove da noite, meu amigo avistou duas moças conversando com um rapaz. Sentiu o olhar de interesse de uma delas. Voltou. Decidiram ‘discutir filosofia’ num motel. Ainda eram recentes essas sagradas instituições. Problemas filosóficos resolvidos, devolveu-a na frente do prédio. Dias após, bateu saudade. Só sabia seu primeiro nome: Ofélia. Foi ao porteiro e perguntou por ela. No livro de registro e encontrou duas Ofélias apartamentos diferentes. Da floricultura ao lado da farmácia São Luís, mandou dois buquês de rosas com seu telefone. Funcionou. A Ofélia certa reapareceu. E a outra? Não ligou, e se o buquê caiu em mãos de um marido?

 

 

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