Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

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Tocou o sinal!

Está chegando a hora. E se você encontrar sua primeira namorada? Pode beijá-la. Nem sua mulher nem o marido dela vão achar ruim. Afinal, vamos todos a uma festa que até Deus está esperando. No Céu, não se fala em outra coisa. E desta vez, Ele irá com todo Seu mundo, que uma dia há de nos receber: Jesus Cristo, Nossa Senhora, São José, os anjos da guarda, Abrahão, Moisés, Davi, Jacó, Maomé, Buda, Confúcio, Iemanjá, Oxossi, Ogum, São Jorge… É a festa dos ex-alunos, alunos, sempre alunos, professores e funcionários de ontem e de hoje do Colégio Culto à Ciência.

Será no ginásio da Unicamp, dia 18 de novembro, sábado, desde cedo até a hora em que você quiser, porque esta festa não acaba nunca. Pra falar a verdade, ela começou no dia que nós assistimos à primeira aula. Confesse: até hoje, quando o despertador toca, não dá uma vontade louca de voltar no tempo, vestir o uniforme e se mandar pra lá? Então, dia 18, aproveite, e reviva o ritual.

Aquele ritual de encontrar os colegas no pátio, passar pelo recreio das meninas e sentir o coração bater mais forte, se “ela” já estiver por lá. Olha lá: meias e sapatos pretos; camisa por dentro das calças; caderneta, vermelha ou azul, na mão. Elas, de sapatos pretos; meias brancas; saia xadrezinha (com a barra cada vez mais alta…); blusa branca; agasalho vermelho. Acertei? Eu ainda peguei o tempo do paletó e colarinho abotoado. Ainda bem que a gravata já tinha sido abolida — uma vez, um aluno se esqueceu de pôr a gravata e foi posto pra fora da aula com uma advertência do diretor Euclides Pinto da Rocha na caderneta: “Excluído da aula por andar despido.”.

E nada de esquecer o maço de cigarros no bolso da camisa. Se a dona Gladis pega, o doutor Telêmaco fará você ficar três dias longe daquele paraíso. E esse castigo ninguém queria. Era a única escola do mundo em que o sinal batia e ninguém queria ir embora pra casa. O almoço que nos esperava em casa podia ser bom, mas o sanduíche do seo Alo e do Herrera era uma delícia.

Pregado no poste: “Treco, não se esqueça do barbantinho!”

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