Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Telefones inúteis

Sete anos depois, a história se repete – agora, como farsa? A última edição do nosso ‘Correio Popular’ de 2001 chegou com uma carta da leitora Maria Isabel Silva, “parabenizando” a Tele(a)fônica pelos serviços prestados durante o ano. Tudo o que a Maria Isabel precisava era do número do telefone da assessoria de imprensa da… Telefônica. E na Telefônica, mandaram que ela discasse para cinco números até não chegar ao número desejado. Sucessão de incompetências, já que a Telefônica tem horror de falar ao telefone com quem precisa falar com ela ao… telefone.

Depois de 72 horas, fingiu voltar. Mais lenta do que a justiça, porém falha.

A segunda-feira que passou foi assim. A Telefônica parou de prestar serviço a quem paga por ele, não deu satisfação alguma e passou a ignorar ou destratar suas vítimas. Foi um desfile de horrores explícito. Só às nove e meia da noite, falando com o pessoal do UOL (não é nenhuma santa, porque levou seis horas e meia para me atender), eles descobriram que a vergonha se dava mesmo na Telefônica. Meia noite e meia, depois de ouvir da Telefônica até que meu DDD e meu telefone não existem, perdi a paciência e liguei no ‘102’, e pedi o número do telefone da Telefônica. Pela primeira vez, consegui falar com um ser humano dessa empresa. Humano? Acredite, a voz de mulher (ou de drag queen?) me disse que em Ribeirão Preto não existe Telefônica!

 

Dormi e acordei fraudado (isso não quer dizer que dormi de fralda, ouviu, ô espanhola!). Oito da manhã, uma ‘robota’ me prometia resolver o problema em duas horas. Duas horas depois, o prazo era de uma hora. Às 15 horas, a ‘robota’ mandou-me apertar o botão número sete para falar com um atendente. Apertei e deu sinal de ocupado. Ocupado? Qualquer semelhança com banheiro público não é coincidência. Apenas uma diferença: banheiro público, quando está ocupado, tem gente.

 

Já pensou se quando a boa gente espanhola, ao fugir ditadura franquista, fosse recebida pelos brasileiros como essa Telefônica nos trata? Então, 24 horas depois, tentei falar com uma amiga que trabalha lá, em São Paulo (afinal, a Telefônica me disse que Ribeirão não tem Telefônica…) Foi pior do que há sete anos. Liguei cinco vezes, até para o da mesa dela. Para o celular também. Os amigos já perdiam a paciência com essa silenciosa colega. E nada! Pensei: “Essa veste a camisa da empresa, a ponto de agir como ela — uma Telefônica que não atende… telefone!) O número da mesa dela é (21) 35497464. Tente pelo ‘21’, porque acho que o ‘15’ foi trocar a fralda. ou as cuecas, sei lá…

 

Sabem como ela foi parar lá? Esculhambando a forma como a Telefônica já atendia suas vítimas. Eu é que não vou esculhambar a Telefônica. Prefiro continuar jornalista.

Pregado no poste: “Alô! Aqui não tem telefone!!!”

06/12/2008

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