Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Tal mãe, tal filho

Não inventei esta troca de cartas. Está na rede e é tão divertida que vale a pena rir de novo.

“Querido filho, escrevo para que saibas que estou viva. Escrevo devagar porque não sei se tu sabes ler rápido. Não vais mais reconhecer a casa quando vieres, porque a gente se mudou. Finalmente enterramos teu avô. Encontramos o cadáver na mudança; estava no armário desde aquele dia em que ele ganhou da gente, brincando de esconde-esconde.

Hoje, tua irmã Júlia teve um filho, mas como ainda não sei se é menino ou menina, não posso dizer se você é tio ou tia. Estou preocupada com o cachorro Boby, que insiste em perseguir os carros parados e está com o focinho cada vez mais chato. Teu irmão José fechou o carro com a trava e deixou as chaves dentro; teve de ir lá em casa para pegar a chave duplicata e tirar todos nós do carro. Esta carta te mando por Manolo, que vai amanhã para aí. Podes pegá-lo no aeroporto?

Filho, não escrevo o meu endereço porque não o sei — é que a última família que morava aqui levou os números para não terem de mudar de endereço. Se encontrares dona Maria, dá um alô de minha parte; caso não a encontres, não precisas dizer nada. Tua mãe que te ama: Eu.

P.S.: Ia te mandar uns trocados, mas já fechei o envelope.”

Veja a resposta!

“As coisas vão mal cá no Brasil. Minha esposa Maria, que aliás também é tua nora, ficou adoentada e a levei ao ginecologista. Imediatamente, ele nos perguntou se tínhamos orgasmo. Fomos embora na hora, pois só tínhamos Golden Cross. Este teu filho é um fracasso nos negócios. Comprei um táxi, mas não conseguimos nenhum passageiro. Ainda bem que a Maria estava sempre no banco do passageiro me consolando. O apoio dela foi fundamental. Trabalhava numa loja de carros e fui despedido logo no primeiro dia. Para cada Uno vendido, eu dava um Prêmio de presente. E ainda estou sendo processado por furto! Abri um parque de diversões e atendendo ao apelo de clientes sadomasoquistas, construí um cinema 180 graus. Infelizmente, eles não resistiram e morreram carbonizados. Fecharam o parque e atualmente respondo a processo por homicídio doloso.

Numa loja de tecidos na Treze de Maio, seo Assad me pediu que fizesse uma “queima de estoque”. Ordens são ordens. Queimou o quarteirão inteiro, fui despedido e preso por tentativa de homicídio e destruição de patrimônio.

Não posso pegar o Manolo no aeroporto amanhã, pois estou na cadeia. Peça para ele me aguardar, que quando sair daqui vou buscá-lo lá mesmo.”

Pregado no poste: “Se ser vice servisse…”

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