Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Sumindo, sumindo…

Sumaré, a antiga Rebouças, não suportou o descaso, e se foi. Levou Hortolândia, que também fugiu de casa. Muito antes, a Vila Americana deu o grito da independência, anos vintes, por aí, e Nova Odessa, a velha Pombal, estava no mesmo pacote.

Lá por 1960 e guaraná de rolha, Paulínia achou de se mandar, como Cosmópolis já fizera bem antes, e deixou Campinas falando sozinha, sem João Aranha e, olha!, um pedaço de Barão Geraldo. Até Betel City ela incorporou ao patrimônio. Indaiatuba, que está mais perto de Viracopos do que a gente, foi montada com terras de Itu, Sorocaba e Campinas. Santa Bárbara d’Oeste, gozado, era de Piracicaba, esteve em Campinas em 1844, mas voltou aos braços da Noiva da Colina, dois anos depois. Valinhos também foi-se embora um dia, e a jornalista Maria Teresa Costa, terror dos medíocres, jura que sua primitiva “capital”, Vinhedo, antes Rocinha, “foi nossa, claro!”

Por falar em Valinhos, Campinas perdeu Valinhos, mas, em compensação, ganhou uma valinhense daquelas…

Ainda estão conosco Sousas, orgulhosa de abrigar J. Toledo em seu refúgio; Joaquim Egydio, berço de dom Agnelo Rossi e de metade dos fundadores da Puccamp; Aparecidinha, onde nasceu João Dias, herdeiro do Chico Viola, e Barão Geraldo, que logo, logo, se desprende, levando a Unicamp e a Puccamp, que mudarão de nome para Unicão e Pucagaldo…

Aos poucos, nossa cidade vai sumindo do mapa. Agora, até bairro quer ir embora daqui. Quem conta é a repórter Renata Freitas. “Os moradores do bairro rural Carlos Gomes retomaram a discussão para anexá-lo a Jaguariúna. Estão insatisfeitos com o atendimento que recebem da Prefeitura de Campinas que, como dizem, nunca investiu em melhorias ali. Falam que Jaguariúna sempre deu muita atenção a eles, especialmente com transporte e atendimento médico. Há doze anos a prefeitura de lá dá ônibus para transportar as crianças do bairro campineiro que estudam naquela cidade. Mais: afirmam que vão a Jaguariúna porque o atendimento é bom – ‘fazem até pequenas cirurgias’! — e os postos de saúde nunca mandam voltar depois, como em Campinas.” Puts!

O pedido mais importante deles é o asfalto nas ruas de Carlos Gomes, para que o povo pare de viver no pó. (Quando o Poder Público abandona uma comunidade a viver ‘no’ pó, surgem aqueles que a farão viver ‘do’ pó. Cuidado, gente!”).

Pregado no poste: “O Palácio dos Jequitibás é a Prefeitura ou a ‘prefeiúra’ ?”

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