Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

Soninha, a música

“Sônia Rubinsky é uma das principais pianistas de seu País natal, o Brasil. Esta foi a boa sorte do (Estado) de Virgínia, neste fim-de-semana, pois Rubinsky participa da Sinfônica de Richmond na performance de Mozart – talvez a (performance) mais excelente que essa orquestra jamais apresentou. Rubinsky é a solista do Concerto nº 21 em Dó Maior, k.46, de Mozart. (…) O som de Rubinsky é cristalino, sua perícia, imperturbável. Ela toca com flexibilidade e floreia livremente, mas com elegância. Ganha seu lugar entre os mestres do piano de Mozart, porque ela sabe como distinguir as consoantes de Mozart das suas vogais – tocando ritmicamente, com margem de percussão, e liricamente, com uma fluidez que faz o ouvinte se esquecer de que o piano produz sons, quando os martelos tocam as cordas.” (Por Clark Bustard, crítico do ‘Times Dispatch’, de Richmond, Virgínia, sob o título “Pianista mais sinfonia: super Mozart”.)
É isso mesmo. Pode parar de babar, feche a boca, erga o queixo e, se rolou uma lágrima do legendário orgulho de ser campineiro, deixe explodir aquela emoção gostosa, bem nossa, só nossa, porque há muito não há nada a se orgulhar do que acontece nesta terra de Campinas.
Quem conhece já sabe, quem não conhece vai saber agora: a Soninha é filha da grande mestra Zilda Rubinsky e do mestre Samuel. Ela é irmã da Fanny, da Neide, da Lílian e do Ismael. E para nós todos, aqui nascidos ou aqui chegados, tão importante quanto seus pais e seus irmãos – dá até vontade de berrar de orgulho e contentamento – a Soninha é filha de Campinas! Há mais de vinte anos longe destas paragens, um dia berço de Carlos Gomes, ela vive exibindo pelo mundo civilizado, que não a deixa voltar para nós, a arte de Mozart, Chopin, Beethoven, Villa Lobos, Vivaldi… Felizes são os habitantes desse mundo, que vêem e ouvem a nossa Sônia Rubinsky. Felizes devem estar aqueles grandes mestres que ganharam nova e magistral intérprete. E felizes somos nós, campineiros, porque só nós, pelo menos, podemos chamá-la de “conterrânea”, para inveja do mundo.
Pregado no poste: “Enquanto houver campineira(o)s, há esperança.”

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