Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Só em Campinas

Que cidade! Que gente, essa gente campineira! Que orgulho!
Nem sei se ainda existe a Banda Santa Cecília, dos funcionários da Prefeitura, mas ninguém toca a abertura d’O Guarani como ela. Como sofremos mais de três anos em regime de cultura arrasada, nunca se sabe. Mas o esplendoroso Coral Pio XI está aí e faz 58 anos neste Dia de Reis, encantando nossa gente sem parar, sempre sob a batuta do Maestro-Regente Oswaldo Antônio Urban, 86 anos de vida vivida pela melhor arte, a “arte das artes”, a música!, como nos ensina o professor José Alexandre dos Santos Ribeiro.
Numa noite de outubro de 1998, Loja Maçônica Independência, cerimônia alusiva aos 125 anos do nosso ‘Colégio Culto à Ciência’. Estava com aquela santa que mora aqui em casa, filha de maçom, à sessão que também teve a presença da grande figura humana doutora Silvia Brandalise. E o senhor, maestro, a reger o Coral Pio XI. Jamais ouvimos a interpretação de “Vá pensiero”, da ópera Nabuco, de Verdi, como a do Coral Pio XI. Assim como, estou certo, jamais houve interpretação como a do Pio XI.
Afirmo sem medo. Fui criado ao som de óperas e mais óperas por uma tia que adorava o coral — e o senhor deve lembrar-se dela, que me falava muito do senhor: Maria José Castro Dias, chefe da seção de pessoal da antiga Capfesp, depois INPS, aí na Rua Barreto Leme, atrás da Matriz do Carmo, ou da “Matriz Velha”, como ela dizia. E não existe em minha lembrança “Vá pensiero” mais lindo do que o cantado pelo coral das nossas Campinas.
Pio XI, dom Giuseppe Sarto, que há 100 anos era Papa, tio-avô da minha professora de História Agda Sarto de Nucci, no mesmo Culto à Ciência. Veja o senhor! Campinas tem uma cidadã descendente direta de um homem, a um só tempo, santo e Papa! Naquela noite, sentada à minha frente, aquela santa chorou enquanto durou a audição. Campinas só não ficou igual ao mundo, porque nela ainda vivem pessoas que fazem a diferença, como o maestro Oswaldo Urban.
Onde há um coral com o mesmo regente há 58 anos? Ora! Só em Campinas!
Pregado no poste: “Só em Campinas nascem os campineiros”

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